Um país forma sua identidade pela tradição e pela preservação dos costumes populares.
O folclore é composto de mitos e lendas.
As lendas são estórias que passam de geração em geração pela tradição oral e os mitos são criações populares para explicar fatos científicos que eles não compreendiam bem ou simplesmente para assustar,principalmente as crianças,como o bicho-papão,por exemplo.
As estórias,contos,lendas,cânticos religiosos,adágios populares e trovas brotadas da alma de um povo é que retratam bem a “fotografia”daquela nação e como esta se mostra para o mundo.
As diversas raças que deram origem ao povo brasileiro, nos transmitiram o seu conhecimento atávico,as suas crenças,o seu modo de se expressar e as suas cantigas agitadas como o batuque dos negros ou ternas e lânguidas como a modinha portuguesa.
O folclore conserva esse passado na sua essência ,embora nos chegue modificados pela ação do tempo.
O fandango,a luta entre cristãos e mouros e mesmo o bumba-meu-boi, a festa do Divino,a congada perpetua bailados ou os faz desaparecer para ressuscitá-los depois,sempre com o feitio e cor original ou modificado pela engrenagem da máquina do tempo que muda o sentido das palavras.
O folk-lore é muito anterior a 22 de agosto de 1846 quando William John Thoms criou o termo para designar as crenças e lendas populares.
O desenvolvimento industrial, a tecnologia avançada não destrói o folclore.
Não apenas contos (folks-tales) e cantos, mas,hábitos,costumes,gestos,superstições,alimentação,mezinhas,indumentária,sátiras,lirismo tudo constitui a história daquele grupo social,chegado até nós pela tradição oral.
Onde estiver o homem viverá uma fonte de criação, preservação e divulgação dos hábitos daquele clã e cultura daquele povo ;em qualquer deles estará aí,vívida e atuante a cultura sagrada,hierárquica,veneranda,reservada para a iniciação,a tradição oral e coletiva,destinada a manter usos e costumes por muitos séculos.
No Brasil,inúmeros e importantes historiadores dedicaram-se ao estudo do folclore nacional,como por exemplo Luís Câmara Cascudo,João Ribeiro,Gustavo Barroso, Sílvio Romero, entre outros.
A riqueza do nosso folclore é ímpar,pois,três povos ajudaram a criar a nossa identidade cultural:o luso,o negro e o índio.
Temos os reisados e cheganças, o bumba-meu-boi,o carnaval,o candomblé,as cavalhadas, a festa de reis,o maracatu.
Mitos temos inúmeros,não fosse o povo brasileiro profundamente criativo:o boitatá,o boto,o curupira,o lobisomem(esse herdado dos europeus) a mãe d’ água,o corpo-seco,as assombrações,a mula sem cabeça,o saci,o velho do surrão.
As adivinhações, os provérbios, as trovas (de origem portuguesa) a literatura de cordel,as “incelênças” nordestinas.
Realmente , um estudo encantador ,fascinante e muito rico o estudo do folclore!
Bom que hoje seja tão festejado, pois,a elite social e intelectual do Brasil só tomou conhecimento dele com a chegada do Romantismo,no sec. XIX.
A MULA – SEM –CABEÇA
O celibato forçado ao qual a Igreja Católica obriga seu clero,deu origem a várias lendas,chistes e ditos populares,entre eles a mula –sem –cabeça.
Assim eram chamadas,de modo pejorativo,as concubinas dos padres,principalmente no interior,onde essas prevaricações eram mais freqüentes.Também eram chamadas de “burrinhas – de – padre ou simplesmente,burrinhas.
No México eram chamadas de ‘maloras” ou “Mula Anima”,”Alma Mula”,na Argentina e nos outros países sul americanos.
Porque mula – sem –cabeça?Porque sendo o marido,naquelas priscas eras,o cabeça do casal e como a pobre mulher não tinha marido oficial,veio daí o apelido.
A fantasia popular é abrangente e rica; num átimo criou-se uma lenda ;nas noites de quinta para sexta feira,a mulher se transformaria num forte animal que saía num doido galope pelos campos,assustando as pessoas.Lançava chispas de fogo pelas narina e pela boca.Suas patas eram como feitas de ferro.O relincho,assustador,era ouvido de longe.
Muitas vezes emitia um som de choro humano,como a lamentar a sua situação.
A mula corre sete freguesias em cada noite até aparecer alguém que lhe quebre o encanto.
O encanto só terminava quando algum corajoso arrancava o freio de ferro que levava no pescoço.
Como relinchava e tinha frio no pescoço se não tinha cabeça?
Nas lendas,tudo é possível...
Assim que o freio era arrancado,a mulher apareceria chorosa , despida e arrependida no meio do povo, ;enquanto o seu salvador morasse na mesma freguesia o encanto estaria quebrado e ela não voltaria à forma animal.
Há uma outra forma da mulher escapar desta maldição;se o padre,seu comborço,amaldiçoá-la sete vezes antes de celebrar a missa.
Sempre o elemento preconceituoso e moral está presente nestas lendas.
Trata –se de uma mulher casada que ,por muitos anos,mantém relações extra – conjugais com um sacerdote.Mas,note,que a condenação popular visa apenas as mulheres.
Na Europa,diz a tradição que,a hóstia fugiu das mãos do celebrante ,durante a comunhão,porque a amante estava assistindo à missa.(Scala Celi,de Gobi Jr.)
Mas,porque a mula? Antigamente era a montaria favorita dos padres – curas , desde o século XII,como a gente lê nos relatos antigos.
CANTINHO DO LEITOR:
Olá, Miriam
Muito bom o texto do artigo.
AbraçãoAmália
Miriam,sou um apaixonado pelo folk-lore.Belo e importante texto.Beijos.
Cézar Ubaldo
CANTINHO DO LEITOR:
Olá, Miriam
Muito bom o texto do artigo.
AbraçãoAmália
Miriam,sou um apaixonado pelo folk-lore.Belo e importante texto.Beijos.
Cézar Ubaldo