Seguidores

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

MULHERES ILUSTRES:MARIA THEREZA PACHECO

MULHERES ILUSTRES


“Tente manter sua mente jovem e palpitante até a velhice.”

Esse pensamento é de George Sand,mas,poderia brotar da alma da Dr,ªMaria Thereza Pacheco.

Não,não a conheci pessoalmente,só através das falas do coração dos seus alunos e colegas.Quer melhor depoimento do que esses?

Pois foi conhecendo essas histórias de uma mulher forte e meiga,incansável batalhadora ,mestra e aprendiz,visionária e prática,que decidi colocá-la na abertura do meu novo post” Mulheres Ilustres”.

E pego a matutar sobre os limitados conhecimentos que temos da nossa terra e nossa gente.A Bahia hospeda pessoas assim,vultos maravilhosos que marcaram o seu tempo,deixando seus legados e,muitas vezes não têm reconhecidos a importância que tiveram para esta sociedade que ajudaram a construir.Muito mais felicitados são os heróis que destroem que os heróis que constroem,alguém já disse.Triste realidade.

Maria Thereza não veio ao mundo a passeio;veio a trabalho;e um trabalho penoso e duro para uma mulher bela e meiga,doce e terna.Mas,realizou sua tarefa com competência e coragem.Vitoriosa,realizou todos os seus sonhos.E iluminou o caminho de muita gente.

Como árvore benéfica,deu frutos.Seus alunos ,seus colegas, por quem é seguida e pranteada.

Nascida em Alagoas,naturalizada baiana por mérito e escolha,a bela morena foi a primeira catedrática de Medicina Legal do Brasil,sucedendo ao lendário Professor Estácio de Lima ,ensinando na Escola Baiana de Medicina da Universidade Federal da Bahia.

Foi titular e presidente da Academia de Medicina da Bahia.

Doutorada em Medicina Legal pela Universidade de Paris I (Pantheon -Sorbonne),pós -graduou-se em Lisboa e Madri.

Foi a primeira mulher a dirigir o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (cuja sede atual foi idealizada e construída na gestão dela) e diretora do Departamento de Polícia Técnica do Estado da Bahia.

Lembrem-se que estamos falando de meados do século passado quando as mulheres ou eram professoras ou donas de casa.

Incansável no trabalho e dedicando toda sua vida à Medicina terminou os seus dias dirigindo a Fundação José Silveira,referencia nacional na prevenção e tratamento da tuberculose.

Nascida na primavera de 1928 partiu para os campos do Senhor a 12 de maio de 2010.Consta que foi muito bem recebida.

Uma vida assim tem que ser sempre lembrada.E a melhor forma de lembrança é estender para muitos o exemplo be que uma vida exemplar deixou ,criando um prêmio que facilitasse a realização de sonhos,despertando idéias,realizando desejos.
                                                                  Dr. Geraldo Leite
Assim, tendo à frente o Dr. Geraldo Leite ,a Fundação José Silveira,o Instituto Geraldo Leite e o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues promovem o Prêmio Profª Maria Tereza Pacheco,destinado a , ao mesmo tempo que homenageia a sua memória,incentivar o desenvolvimento da pesquisa científica no campo da Medicina Legal ,abrangendo todo o Brasil.

Para o Dr. Geraldo Leite,presidente do Conselho de Curadores da Fundação,”o prêmio,além de ser uma justa homenagem à cientista,vai fomentar a produção de trabalhos científicos em todo o país.”

Apoio:

Academia Baiana de Educação,ABM,Academia de Cultura da Bahia,Academia de de Educação de Feira de Santána,Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública,CLISA,CREMEB,Instituto Baiano de História da Medicina,LB)C,Ucsal,UFBA.

Mais informações,regulamento etc acesse o site www.fjs.org.br ou http://www.institutogeraldoleite.com/






marina moreno leite gentile para mim


mostrar detalhes 04:38 (4 horas atrás)



Hoje li seu e.mail sobre a ilustre mulher e profissional MARIA THEREZA PACHECO.
Obrigada amiga.

Muitas vezes, em decorrencia da pressa, nao resposdo os seus e.mails..........MAS OS LEIO VIU!

beijo

MARINA GENTILE

Salvador-Ba

26/10/10 10:44 - malu Dab

Parabens a Miriam por tão especial homenagem...Abraços com carinho!



26/10/10 11:09 - Euripedes Barbosa Ribeiro




Pois é minha amiga. Até hoje me pergunto porque os nossos cineastas,

tão empenhados em retratar bandidos, drogados e até no elogio da

mediocridade, como no filme indicado para representar o Brasil no

Oscar, ainda não descobriram pessoas como esta, aqui apresentada, ou

Irmã Dulce. Ou tantas outras ilustres desconhecidas. Pobre país! Pobre

de herois e heroinas não pela inexistencia destes. Mas pelo pouco caso

com que são tratados. Prefere-se as celebridades instantâneas, as

mulheres-fruta e os homens fúteis. Herois de BBB e outras babaquices.

* Meus parabéns, pelo resgate de tão ilustre figura que eu,

sinceramente, só vim a conhecer agora. Um beijo Miriam. E um excelente

dia.


29/10/10 23:57 - CONCEIÇÃO GOMES


Dessas mulheres ninguem fala, não há espaço na midia... Sua homenagem

é tocante.






















segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ASSIM SEJA!




Seja prudente,cauteloso,até arisco,mas,não se furte dos necessários riscos.


Seja laborioso,ordenado e dinâmico,
mas,reserve sempre o  espaço dos seus sonhos.

Seja ético,polido,bem educado;
jamais formal ou sofisticado.

Seja amigo  fiel e acolhedor;
mas,nunca,em demasia protetor.

Seja caridoso.Fazer o bem jamais hesite.
Mas,rejeite o papel de encosto ou cabide

Seja abnegado,despojado e altruista
mas,sem usar os artifícios dos "artistas".

Seja valente,destemido e corajoso,
mas,se acautele das intrigas do invejoso.


Seja garimpeiro.Escave o solo se só lhe importa o ouro;
Mas,semeando a terra encontrarás tesouro.

E,seja ponte.Trace seus limites nos espaços livres,
e o teto,no leito abençoado da amplidão.


Maria Arlinda Moscoso,poetisa,educadora,advogada baiana.Membro efetivo da Academia de Cultura da Bahia.
M embro honorário da Academia Internacional de Letras,Artes y Ciencias com sede em Buenos Ayres
Conselheira do CEPA.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ENTREVISTA ESCLARECEDORA PARA ESCRITORES

Anair Weirich é uma verdadeira batalhadora da literatura. Desde 1996 sobrevive só de seus livros e viaja pelo Brasil inteiro para vendê-los entre palestras, debates e eventos literários. Casada com um livreiro, ela mesma edita e publica seus livros, conhece todo o processo de publicação do livro, conversa com gráficos, papeleiros, entregadores, livreiros e comerciantes, é uma máquina editorial em pessoa, com uma bela história sempre na ponta da língua e dos dedos, sendo o melhor exemplo de luta pelo êxito que um escritor pode ter, sua energia contagia a todos os que a cercam por onde ela vai.


N.A:Esta entrevista foi transcrita do site Portal Literal e publicada aqui porque achei muito importante para esclarecimento  aos novos autores sobre como divulgar seus livros.
As lições desta mulher serão valiosas para todos.
Como nosso trabalho de divulgação se parecem -eu ajo igualzinho -decidi presentear os autores mais tímidos com essa verdadeira lição de como trabalhar sua obra.


Por estas e por outras que temos muito orgulho de tê-la na AgL, e já tirando uma casquinha, pedimos uma entrevista.



Vamos à ela!

AgL: Como você começou a escrever? Quem lia para você ao principio?

Anair: A literatura nasceu num momento bem dramático da minha vida, e serviu como válvula de escape. E foi nessa válvula de escape que me encontrei profissionalmente. O inicio foi de pequeninas coisas que escrevia, como se estivesse beliscando um pedaço de doce. Era pura necessidade e vontade de sentir o gosto. E minha família e amigos foi lendo uma coisinha aqui, outra ali, fui me animando também em publicar aqui e ali, e a coisa foi andando assim, com publicações em antologias, jornais, rádios, TVs, etc., por nove longos anos. Depois disso que veio meu primeiro livro individual, patrocinado por uma empresa de cosméticos. Mas... antes de tudo meeesmo!, houve um fato, que se eu puder pular, melhor... mas se não tiver jeito, eu conto.

AgL: Qual é seu gênero favorito? Algum link onde possamos ver ou ler algo sobre sua obra recente?

AnairMinha grande paixão é a poesia e tudo que preciso dizer, mesmo que não queira, vira poesia – que, coitada, sempre esteve em último lugar na literatura. Vende de tudo, mas o que menos vende é poesia, mesmo nos dias atuais. Claro que no meu caso, - o autor estando presente e recitando um pedacinho do poema, é meio caminho andado. Já ouvi pessoas dizerem: “poesia para mim lembra castigo, porque no meu tempo, meu professor – ou professora – me fazia decorar poesias enormes, tipo Navio Negreiro, quando eu aprontava alguma. E sempre que leio poesia me parece estar lendo ou ouvindo grego, é difícil assimilar, penetrar nesse mundo que é encantado, mas não me parece coisa de meros mortais, e sim dos eleitos. E depois, às vezes a gente lê poesias que são um amontoado de palavras sem nexo, quando a gente vai procurar o significado, o encanto se dissipa. Deveria existir texto mais simples para quem está começando a se interessar, e mais sofisticado para quem já está curtindo esse estilo de literatura. Só agora, é que me senti tentado por ela. Você precisa vir junto com o livro, para que eu as ouça.” – rsss.

... Foram tantas as vezes que ouvi coisas parecidas, nas mais variadas faixas etárias!... Mas isso sempre me serviu de estímulo, e não de desanimo perante a situação.

E mais, adoro despertar nos olhos das pessoas aquele brilho emocionado, jogando, pelo menos por um momento, a frieza dos negócios na lata do lixo, dando lugar a um pouco de emoção. E, claro, deixo passar o encantamento do momento e novamente dou lugar aos negócios, recebendo o valor do livro, empreendendo a contínua caminhada de deixar meus rastros poéticos por onde passei.

Meu site: www.literaturacatarinense.com.br/anair Recomendo clicarem no livro Melodias do Coração – infanto-juvenil e Doce Jeito de Ser Criança – infantil.

Mas claro que meu amor à poesia não impede que eu goste de prosa. Adolfo, o cãozinho das praias, é o meu infanto-juvenil mais recente, saído pela Hemisfério Sul. Ele nos mostra o lado do companheirismo e fidelidade dos animais, tão ausente nos homens nos dias atuais.

AgL: Como é seu processo criativo? O que ocorre antes de se sentar a escrever?

Anair: Comigo isso de sentar e escrever não ocorre assim. Posso estar fazendo algo importantíssimo, mas quando as palavras mágicas chegam, por meio de alguém que fale ou algo que eu veja, não consigo fazer mais nada. Tenho que anotar a essência, - que depois desenvolvo -, pois é como passarinho no céu, que foge ligeiro ao ver a rede armada do papel. O poema precisa ser conquistado, temos que fazê-lo sentir-se tentado a vir até nós. Daí ao papel, é um passo... Depois é que vem o computador, onde a obra é esculpida.



AgL: Que tipo de leitura ativa sua vontade de escrever?

Anair: Ultimamente tenho lido muito biografias, - Adeus, China – de Li Cunxim, é um depoimento comovente do último bailarino de Mao. Mas quando leio poesia, - as mais diversificadas possíveis, e é isso que me fascina nelas – eu não resisto. J. G. de Araújo Jorge, por exemplo, sempre foi meu ídolo, embora eu não saiba escrever sonetos. Sou um pouco arrisca a cabresto de métrica, embora meu amigo Professor e escritor Alfredo Bays diga que rédeas é bom para aprender a obedecer.
AgL: Quais são para você os ingredientes básicos de uma historia?

Anair: Um tema que seja debatido e em voga no momento, embora muito tema antigo não saia da pauta. E muita, muita, emoção e aventura! Mas detesto quando o autor divaga páginas e páginas em cima de uma única emoção ou detalhe.

AgL: Em que sapatos você se encontra mais cômodo: primeira pessoa ou terceira pessoa?


Anair: Na primeira pessoa, porque sempre me coloco no lugar daquilo que me chama atenção e vivo aquele momento como se fosse meu.

AgL: Que escritores conhecidos são os que você mais admira?

Anair: Lindolf Bell na poesia, - e que a apregoava nas esquinas de São Paulo, embora fosse de SC, junto com outra autora que não lembro o nome. Ele era quase um camelô da poesia, e isso me inspirou muito nas minhas peregrinações poéticas. Urda Alice Klüeger, romancista de SC e Fernando de Moraes – o biógrafo que escreveu O Mago, - mas que mago é ele, o Fernando, por ter narrado com encanto as proezas do Paulo Coelho, que não teve nada de encantador. Embora O Alquimista tenha me conquistado, porque me fez descobrir qual o verdadeiro tesouro que havia em mim, que é a literatura, jamais imaginei o Paulo Coelho, tão espiritualizado, fazer tanta barbaridade com a vida dele e das pessoas que o amavam...

AgL: O que torna um personagem crível? Como você cria os seus?

Anair: Meus personagens estão nos meus poemas, e esses personagens existem, como no menino que me pediu esmola – e eu conto como foi sua fala, – na minha primeira professora, cujo poema foi premiado, e em todas as pessoas que conheci nesses quatorze anos de andanças pelo sul do pais, vivendo de poesia. E esses personagens são mais que verdadeiros, até os que estão no meu livro A Vendedora de Livros – que não tenho dinheiro para editar.

AgL: Você é igualmente hábil contando historias oralmente?

Anair: Declamando poesias, sim, mas na contação de histórias, nem tanto...

AgL: Profundamente em sua motivação, para quem você escreve?

Anair: Para aqueles que me lêem e precisam de incentivo poético e motivacional, afinal, as idéias são para serem propagadas.

Anair: AgL: Escreve como terapia pessoal? Os conflitos internos são uma força criadora?

Anair: Acho que os conflitos internos são uma força destruidora. Prefiro criar quando sou tocada emotivamente na forma que eleve os sentimentos para construir algo bom.

AgL: O feedback dos leitores serve pra você?

Anair: Claro, se não disserem o que sentiram ao ler o que escrevo, como vou saber se estou no caminho certo? Por mais que crie o que gosto, preciso saber se os outros gostam do que crio.

AgL: Você se apresenta para concursos? Você recebeu prêmios?

Anair: Já recebi alguns, mas a necessidade de cuidar ininterruptamente das vendas dos meus livros, me afasta de concursos, pois o mínimo de tempo livre que tenho, reservo para ler. Televisão, só o jornal e algum filme no final de semana, se meus emails e leitura estiverem em dia. E ainda tenho a família, para me fazer um pouquinho presente...

AgL: Você compartilha os rascunhos de suas escrituras com alguém de confiança para ter sua opinião?

Anair: Geralmente peço opinião quando o poema está “pronto” – no rascunho, é claro. Coloco entre aspas, porque um poema nunca está verdadeiramente pronto, há sempre algo que pode ser mudado. O triste é quando está no livro e você não pode fazer mais nada...

AgL: Você acredita ter encontrado "sua voz" ou isso é algo eternamente buscado?

Anair: Eu diria que encontrei meu porta-voz. É nos meus textos que me expresso, ou expresso o que sinto ao ver algo alheio, mas que me toca, então não é tão alheio assim.

AgL: Que disciplina você se impõe para horários, metas, etc.?

Anair: Comigo é tudo instintivo, acontece quando tem que acontecer. Não me imponho regras de criação, nem tempo para elas, só nas vendas, onde tenho de ser criativa para despertar meu cliente para a leitura. As metas só estão na quantidade de livros que preciso vender. Bem que eu adoraria ter alguém que cuidasse de entrar dinheiro no meu bolso, para poder dar asas à minha criação literária.

No começo, quando vendia meus livros, eu até me conflituava: Será que a pessoa que comprou meu livro é porque sou boa vendedora, ou boa escritora? Mas logo me dei conta de que as pessoas hoje compram porque estão a fim, não se deixam enganar por conversa fiada de ninguém. A venda agressiva não deve existir. Acho que nesses quatorze anos, nunca enfiei um livro goela abaixo de alguém, só vendia se a pessoa queria.

AgL: Anair, querida, muito obrigado por nos atender para uma entrevista. Te desejamos muito sucesso!

Anair: Eu é que agradeço a oportunidade de compartilhar o que venho fazendo e aprendendo pelo Brasil.







sexta-feira, 8 de outubro de 2010

FESTA LATINO - AMERICANA



MÁRIO VARGAS LLOSA


"Não se deve pensar em prêmios, porque isso prejudica muito a autenticidade de um escritor ... Um escritor que respeita sua vocação não deve pensar no prêmio Nobel. Os escritores que conheço que vivem pensando no prêmio Nobel se transformam em maus escritores".

Mário Vargas Llosa

Ele diz que não esperava mais;sentia-se esquecido.Nem nós.Mas,enfim,fez-se a luz na Academia Sueca de Ciências e o cobiçado prêmio Nobel foi entregue a Mario Vargas Llosa,escritor peruano nascido em Arequipa nos idos de março de 1936.Antes tarde do que nunca,reza o velho ditado.

Autor de um dos melhores livros sobre o comportamento político na América Latina,”Conversa na Catedral”,além de um livro sobre Canudos,o genocídio brasileiro “A Guerra do Fim do Mundo”,Llosa que confessou sofrer influência do nosso Euclides da Cunha,atingiu agora o clímax da sua carreira.

Bem nascido, ”homme du monde”,sua obra reflete muito os personagens que conheceu,as imagens que a memória teima em conservar,diz ele.Entrou para a Escola Militar forçado pelo pai que o queria longe da literatura - coisa de maricas e que além de tudo não rendia nada - dizia ele.Mal sabia o velho que ali,naquele microcosmo peruano,nasceria seu primeiro livro “A Cidade e os cachorros”.

Rebelde por natureza, casou-se aos 18 anos com uma mulher mais velha,segundo ele por amor,mas,também por pressão familiar;a família era contra? Ele casava! Seu lema sempre foi:-Não vou por aqui!

Seus personagens parecem-se muito com ele.Como o jornalista Santiago Zavala,oriundo de família rica e poderosa ,mas,que rompe com o establishment para viver sua própria vida.

- Rememoro pessoas que conheci ,membros da família,disse.Concordo plenamente e complemento:o escritor é uma colcha de retalhos,que vai juntando pessoas,acontecimentos,sonhos num belo patchwork que retrata o mundo.

O prêmio dado ao notável escritor peruano também homenageia todos os autores latino-americanos na figura de um mestre insuperável da ficção.

Ainda estava sob o impacto do livro “Conversa na Catedral”, quando meu marido chegou de Lisboa e me trouxe “A festa do chibo”,livro que narra a ditadura de Trujillo e que aqui se chamou “A festa do Bode”.Inimigo das ditaduras,Llosa se superou.

Este outro livro encantador fez com que me rendesse à genialidade de Llosa.

Ainda bem que suas andanças pela política não deram certo.Perder o escritor para a política seria verdadeiramente desastroso.Ganhou a Literatura.Ganhamos nós.

PALAVRA DO LEITOR:

08/10/10 09:39 - amariliatc

Bela homenagem, Miriam! De vez em quando as Academias acertam.O

mundo,felizmente, está descobrindo a América Latina.Parabéns ao Mestre

Lhosa e a vc, pela sensibilidade.Meu carinho.



08/10/10 12:43 - Marina Gentile

Querida Miriam, brindemos! Parabéns pelo artigo amiga. bj.




10/10/10 08:25 - Mario Macedo de Almeida

PROFUNDO EM BELEZA ESTE ARTIGO, LINDA HOMENAGEM...PAZ E LUZ MIRIAM!


12/10/10 06:21 - josé cláudio




Eu fiquei preocupado na época em que ele se meteu a candidatar-se.

Disse para mim mesmo: se ganhar , a literatura e o próprio Peru vão

sair perdendo. Menos mal. Agora, a glória tão merecida. Excelente a

sua resenha/homenagem, amigona! Abração. paz e bem.














quarta-feira, 6 de outubro de 2010

VINCERE, RADIOGRAFIA DE UM DITADOR






 O homem nasce bom; a sociedade o corrompe, dizia o filósofo Rousseau. Claro,uma criança é uma folha em branco que será preenchida pelas suas experiências e aprendizados no decorrer da vida,porém,a genética não deve ser menosprezada. Fui atacada por essas considerações filosóficas logo depois de assistir o magnífico filme italiano Vincere,do excelente cineasta Marco Bellocchio,o homem que percebeu - não com belos olhos,mas,com olhos voltados para a realidade – o nascimento de um ditador. O filme trata dos primeiros anos de Mussolini,um governante que ascendeu de uma forma inexplicável entre os italianos,embora fosse um ser humano cruel e um político equivocado,cujos destemperos colaboraram com o sofrimento e derrota do seu país na Segunda Guerra Mundial. Que se examinem os homens,aconselha Bellocchio,porque não se pode separar o homem do ditador em que ele se torna.Sábio conselho!





O filme mostra Mussolini visto por Ida Dasler,uma mulher apaixonada que para segui-lo esquece tudo –família,valores,crenças – e financia o jornal Il Poppolo d’Italia,plataforma para o lançamento de Mussolini como líder político. Quando ele se alista para lutar na 1ª Guerra e volta ferido ela vai visitá-lo não hospital e descobre que ele já era casado com Rachelle Guidi e tinha filhos;ele a enxota do hospital como um cachorro,embora estivesse grávida de Benito Albino Mussolini,filho do ditador. Sem dinheiro,desiludida no seu amor e ferida de morte ao descobrir que o homem que amava e admirava era,na verdade um crápula vendido,Ida começou sua campanha pública pelo reconhecimento do seu filho.Foi presa e colocada num manicômio até morrer de hemorragia cerebral anos depois. Nas poucas visitas do poder à moça,percebemos o comportamento dos poderosos e dos seus asseclas,as mentiras montadas, a supressão de documentos importantes,a chantagem insidiosa aos parentes e amigos da mulher,a degradação pública patrocinada por uma imprensa leniente, a morte de um amor causador da perdição da pessoa mais fraca. Seu filho,também,foi encarcerado num hospital e,depois de tomar à força muitas drogas poderosas,morreu aos 26 anos num manicômio. Essas pessoas foram banidas da biografia do ditador e a certidão de casamento de Ida nunca foi encontrada.






 O que o filme se propõe a mostrar é que sempre existe um homem atrás do mito e que ambos devem ser estudados , pois um, nunca poderá separar-se do outro.Benito recebeu sem nenhum escrúpulo o amor e o patrimônio de Ida;Mussolini soube como alijá-la da sua vida quando isto lhe foi conveniente e essa relação poderia prejudicar os seus interesses e sua incansável luta pelo poder. O indivíduo massacrado pelo sistema não é um fato novo. O filme vem bem a propósito no momento em que a direita fascista está estudando uma reabilitação da memória de Mussolini.E que a presença do bufão Berlusconi no poder já se estende há três anos,apesar dos escândalos sexuais e financeiros que envolvem seu nome. Bellocchio,na sabedoria dos seus setenta anos,quer provar que o cinema tem um papel relevante na sociedade e na construção da história de um pais.E que cabe aos artistas –escritores,músicos,cineastas – registrarem sem piedade os erros de um sistema. A metamorfose de Mussolini , -de agitador socialista que queria derrubar o rei e assassinar o papa - em ideólogo do fascismo,sua ascensão ao posto de ditador e aliado da Alemanha Nazista, nos deixa pasmos; fica difícil de entender como esse homem tornou-se ídolo dos italianos. Ma,la nave va... Mas,que vá sempre fiscalizada pelos artistas,escritores e cineastas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Homenagem aos Compositores Baianos

COMER REZAR AMAR



Assim mesmo, sem vírgulas.Afinal,para que complicadores gramaticais num filme dedicado às mulheres e feito só para elas?

Eu mesma nunca me dei bem com virgulas ou regras de qualquer espécie.Nem com filmes açucarados.

Como tenho a sorte de sendo bem feminina ter uma mente masculina no meio do filme me deu um soninho.!

Tantas peripécias psicológicas,tantas buscas e procuras,tanta Índia,tanto Bali e gurus me deixou meio frouxa.

Como uma pessoa bem resolvida e que nunca teve certos questionamentos,fiquei procurando um sentido para tantas buscas e viagens a países estranhos.Coisa de americana ou de gente muito rica.Françoise Sagan dizia que se o dinheiro não trás felicidade,tudo bem;mas,é melhor chorar num sedan do que num metrô.

Mas,vamos ao filme.A heroína,Liz,é uma mulher entediada.Descobriu que ficar horas meditando e repetindo mantras não resolve o seu problema,ou melhor,a entedia ainda mais.

Ela chuta o marido por achar o relacionamento chocho;assim parte numa jornada de autoconhecimento,como nos melhores livros de auto -ajuda.Excelentes para ajudarem o autor a subir na vida.Estou até pensando em escrever um.

Na Itália ela come;entope-se de spaghetti,pizza até não caber mais na roupa.Apesar de conhecer um professor de italiano daqueles irresistíveis –mamma mia! – não se deixa comer.

Na Índia,larga a meditação e reza.

Em Bali,encontra um namorado brasileiro e ama;finalmente consegue o tão esperado orgasmo,aliás,suspeito,a falta dele é a causa de todas as suas tribulações;e quem não conseguiria no meio daquela paisagem magnífica e ao lado de Javier Bardén,- o próprio- ,como seu namorado brasileiro?

O filme é um convite ao escapismo.

O diretor fez o que pode,tratando-se de uma estória real e contada pela heroína,cujo livro vendeu 8,5 milhões de exemplares.

Julia Roberts adorou o papel por ser uma apaixonada pelo livro de Liz Gilbert;assim como eu sei que as mulheres,na sua maioria,vão se apaixonar.

Agora,,eu acho que os homens pretendem acrescentar um outro verbo:cochilar.


FALA O LEITOR:


Amiga, A D O R E I! o livro e mais ainda o filme. Júlia Roberts é simplesmente the best! Ela consegue captar toda a essência do livro e colocar certinho, certinho no filme. Chorei para caramba assistindo o filme! Eita mulher mole gente! Abraços em todos e especial para você.  Marília Utsch
,de Minas





sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PRECE DO BRASILEIRO



Meu Deus,

só me lembro de vós para pedir,

mas de qualquer modo sempre é uma lembrança.

Desculpai vosso filho, que se veste

de humildade e esperança

e vos suplica: Olhai para o Nordeste

onde há fome, Senhor, e desespero

rodando nas estradas

entre esqueletos de animais.



Em Iguatu, Parambu, Baturité,

Tauá

(vogais tão fortes não chegam até vós?)

vede as espectrais

procissões de braços estendidos,

assaltos, sobressaltos, armazéns

arrombados e – o que é pior – não tinham nada.

Fazei, Senhor, chover a chuva boa,

aquela que, florindo e reflorindo, soa

qual cantata de Bach em vossa glória

e dá vida ao boi, ao bode, à erva seca,

ao pobre sertanejo destruído

no que tem de mais doce e mais cruel:

a terra estorricada sempre amada.



Fazei chover, Senhor, e já! numa certeira

ordem às nuvens. Ou desobedecem

a vosso mando, as revoltosas? Fosse eu Vieira

(o padre) e vos diria, malcriado,

muitas e boas... mas sou vosso fã

omisso, pecador, bem brasileiro.

Comigo é na macia, no veludo/lã

e matreiro, rogo, não

ao Senhor Deus dos Exércitos (Deus me livre)

mas ao Deus que Bandeira, com carinho

botou em verso: “meu Jesus Cristinho”.

E mudo até o tratamento: por que vós,

tão gravata-e-colarinho, tão

vossa excelência?

O você comunica muito mais

e se agora o trato de você,

ficamos perto, vamos papeando

como dois camaradas bem legais,

um, puro; o outro, aquela coisa,

quase que maldito

mas amizade é isso mesmo: salta

o vale, o muro, o abismo do infinito.

Meu querido Jesus, que é que há?

Faz sentido deixar o Ceará

sofrer em ciclo a mesma eterna pena?



E você me responde suavemente:

Escute, meu cronista e meu cristão:

essa cantiga é antiga

e de tão velha não entoa não.

Você tem a Sudene abrindo frentes

de trabalho de emergência, antes fechadas.

Tem a ONU, que manda toneladas

de pacotes à espera de haver fome.

Tudo está preparado para a cena

dolorosamente repetida

no mesmo palco. O mesmo drama, toda vida.



No entanto, você sabe,

você lê os jornais, vai ao cinema,

até um livro de vez em quando lê

se o Buzaid não criar problema:

Em Israel, minha primeira pátria

(a segunda é a Bahia)

desertos se transformam em jardins

em pomares, em fontes, em riquezas.

E não é por milagre:

obra do homem e da tecnologia.

Você, meu brasileiro,

não acha que já é tempo de aprender

e de atender àquela brava gente

fugindo à caridade de ocasião

e ao vício de esperar tudo da oração?



Jesus disse e sorriu. Fiquei calado.

Fiquei, confesso, muito encabulado,

mas pedir, pedir sempre ao bom amigo

é balda que carrego aqui comigo.

Disfarcei e sorri. Pois é, meu caro.

Vamos mudar de assunto. Eu ia lhe falar

noutro caso, mais sério, mais urgente.



Escute aqui, ó irmãozinho.

Meu coração, agora, tá no México

batendo pelos músculos de Gérson,

a unha de Tostão, a ronha de Pelé,

a cuca de Zagalo, a calma de Leão

e tudo mais que liga o meu país

e uma bola no campo e uma taça de ouro.

Dê um jeito, meu velho, e faça que essa taça

sem milagres ou com ele nos pertença

para sempre, assim seja... Do contrário

ficará a Nação tão malincônica,

tão roubada em seu sonho e seu ardor

que nem sei como feche a minha crônica.



30-5-1970







Carlos Drummond de Andrade,poeta brasileiro