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O EQUÍVOCO
Gregória era uma bela mulata, daquelas que se fala que não
está no mapa; mas, ela estava sim, moradora que era de uma linda cidade do
litoral sergipano, ensolarada e tranquila.
O fato é que, quando a mulata passava para ir ao mercado,
todos os pescoços masculinos se voltavam para vê-la, alguns rapazes mais
entusiasmados chegavam a dar com a cara no poste, ganhando um enorme galo de
presente. Um turista meio abusado, falava no meio da praça, para quem quisesse
ouvir, que daria um rim para passar uma noite com ela e ainda se julgaria bem
pago.
Mas, Gregória era honesta, bem casada com um pescador
alto e forte, moreno, peito de transatlântico e com fama de bem dotado. Eles
moravam perto da praia, num antigo casarão, cuja fachada dava para a rua e o
fundo para a praia. Além de pescador, o marido de Gregória fabricava bonecos de
madeira muito jeitosos e coloridos, que vendia para os turistas, aumentando
assim a parca renda familiar.
Assim iam vivendo, numa paz edênica, até que veio uma crise
financeira e eles resolveram alugar os fundos da casa, para turistas, por
pequena temporada. Fizeram uma tosca tabuleta de papelão e colocaram na frente
e nos fundos da casa, chamando locatário.
À tardinha, como sempre fazia, Gregória foi pôr a roupa de
molho, para torcer na manhã seguinte e, sem perceber, sentou em cima da
tabuleta, que tinha se despregado da parede. Saiu para a padaria com aquela
indecente e chamativa tabuleta colada no vestido justo, bem em cima daquela
bunda magnífica, chamando atenção de toda a gente. Os homens, tanto moradores
como turistas, num alvoroçamento só e até "seu" Dadinho, o velhote do
cartório, correu para a rua, a fim de apreciar a passagem; um turista mais
ousado aproximou-se dela e, com ar gaiato, perguntou:
– Oi, só aluga o fundo?
Ela, coitada, na santa inocência e ignorando a colagem
comprometedora disse:
– “inhô” sim; a frente é pra meu marido fazer boneco.
É que a fabriqueta do marido ficava nos quartos da frente da
casa.
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...E AGORA,FALANDO SÉRIO
SOMOS CORRUPTOS?
Será que somos todos corruptos? De nascença? Consequência dos genes
herdados de nossos antepassados? Gigantes da corrupção pela própria natureza?
Será que “con malo leche nos ha criados“ ou alguma coisa posta ,de soslaio,na
água ,ou soprada nos nossos inocentes ouvidos pelas nossas amas depravadas?
É certo que temos o complexo de vira – lata; somos o pior povo do
mundo,o mais preguiçoso, o mais encostado,o mais amigos do “deixa pra lá,”, do
bolsa – família,da cachacinha e o da malandragem, o mais invejoso,principalmente
dos americanos,nossos primo – ricos,não sabe o senhor ,o povo mais diligente da
terra.Deus Salve A América!Principalmente deste povinho safado que vive abaixo
do Equador.
Pronto, somos a raça do jeitinho brasileiro e a que não tem jeito mesmo.Somos
democráticos,temos malandros locais,estaduais e federais.Esses são os
piores;têm mais grana,mais meios de salvação ,são sudestinos e donos do seu
destino.Sabem,como ninguém,criar um falso ar de inocência ultrajada que lembra
muito a fábula do gato tomando conta das castanhas.
‘Tá dito,não tem jeito pra brasileiro;somos irreformáveis!Não sentimos
remorsos e temos desculpas para qualquer malfeito feito.Não inventamos a
delação premiada,mas,somos fãs incondicionais desta modalidade de tirar o rabo
da seringa.Foi o “outro” nunca sou eu,nem o sujeito que me corrompeu,montado
nos seus milhões de dólares.Conta na Suiça?! Quem disse!Calúnia,calúnia!
Pense no caso dos computadores;foram inventados para anotar
tudo,contabilizar tudo,rastrear tudo,mas,bastou um dedinho verdamarelo tocar
numa tecla e - pimba! – tudo desaparece.Se pusermos no disquete,este some.O
backup toma doril.
Nossos amáveis doleiros estão sempre a postos como escoteiros
fieis cobrindo nossa retaguarda.
Tirar vantagem em tudo é o credo de um festejado jogador de
futebol,muito explorado pela publicidade.Nos gabamos disto,existe um gostinho
especial em ser malandro ,em passar a perna nos otários que acreditam em
valores hoje moribundos.Existem povos tão imorais quanto nós,mas,gostamos de
exibir nossa canalhice.Nossos mares de lama são maiores que o dos outros,nossos
políticos mais oportunistas,nosso céu tem mais estrelas,nossa várzea tem mais
flores, nossos rios são mais caudalosos,exceto em Sampa,claro,onde se bebe uma
água pouco católica. É, deve ser o nosso tamanho!Sem dúvida que é.
Somos amazônicos,queremos rios de lama,pororocas de sujeira,mares de
corrupção,dilúvios de roubalheiras,samarcos de desastres.
Passado o escândalo do momento que nunca é totalmente investigado e ,se
investigado não dá em nada,e,de alguns nunca se sabe,pois,contamos com uma
mídia complacente ,partamos para o próximo.
Mas,o pior não é isto;é a conivência com o poder central,os acórdãos com
os congressistas,mais sujos que pau de galinheiro, a leniência da justiça , o
desrespeito histórico dos nossos governantes pelos seus governados, o ludíbrio
aos mais pobres ,vítimas de uma sociedade cleptocrática,feita pelos mais
espertos.Só os mais ladrões aproveitam enquanto convencem os demais a votar
neles, acenam com uma bandeira de caráter e honestidade e ,se coisas ruins
acontecem você sabe,não foi culpa deles ,honrados senhores a serviço do bem
comum.É que somos brasileiros,sabe como é...
NOSSO GLORIOSO EXÉRCITO BRASILEIRO
CAROS AMIGOS
ISVÂNIA MARQUES,escritora, ativista literária ,alagoana de boa capa
EU,BEM CARICATURADA
PAULO MAROJA,CARICATURISTA E ILUSTRADOR
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