Não diria que “José e Pilar” (Miguel G. Mendes,co-produção BR/Espanha/Portugal,2010) seja o melhor documentário que já assisti;mas,certamente foi o que mais me falou ao coração.
Minha admiração por Saramago ,como escritor e como cidadão,todos os meus leitores sabem.
Ao assistir o filme,participar da intimidade deste homem magnífico,do seu trabalho,dos seus hábitos,da sua vida cotidiana ao lado da mulher amada,segundo ele ,”o pilar da sua existência,”foi uma experiência notável,principalmente no sentido de entender melhor a sua obra e o quanto ela revela dos seu próprios pensamentos e da sua ética inatacável.
Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher,diz o refrão popular;neste caso,Pilar nunca esteve exatamente à retaguarda.Ela foi o fio condutor do homem debilitado,presa de uma gravíssima moléstia respiratória e,foi aí que a Pilar cresceu como esposa,companheira e assistente,assumindo a carreira do marido,lendo e selecionando sua correspondência,respondendo a jornalistas,traduzindo para o Espanhol os seus livros,revisando-os,enquanto o enchia de atenção e carinho que só um amor muito sólido pode conduzir.
Ainda Saramago:-”A Pilar deu-me aquilo que eu já não esperava vir a ter;vejo tudo o que vivi antes e percebo que tudo isto foi uma longa preparação para chegar até ela.”
O filme mostra a rotina da casa de Lanzarote, a biblioteca do autor e a Fundação José Saramago.
Através dele,acompanhamos as inúmeras viagens do autor pelo mundo,algumas com profundo sacrifício físico,como a última, a São Paulo.
Mas ,celebra sobretudo o amor,fonte da vida,repouso de um guerreiro sem o qual o paciente e dócil Elefante Saramago jamais completaria a sua viagem.
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