Seguidores

domingo, 10 de junho de 2012

VENDER LIVROS, UMA BOA BRIGA!




Pronto. Seu livro chegou, sua editora caprichou,está tudo bem e você está feliz.
Enfim,é um escritor.Colega de João Ubaldo e Balzac.Nada mau para quem pensou nunca ter seu sonho realizado,mas,lutou por ele. Quem luta, vence.
Seu problema agora é vender o livro.
Não pergunte o que sua editora fará por você; evite surpresas desagradáveis e esperanças depositadas em vão.
Temos aqui dois casos diferenciados.
Se a editora comprou seus direitos,ela terá todo interesse em vender seu livro.Afinal,investiu e os editores, como todo comerciante ,não gostam de perder dinheiro.
Então, ela bole com o pé e com a bolsa;chama os distribuidores que põem seu livro nas livrarias de todo o país,convocam a mídia,pagam boas propinas para que você apareça em programas de TV, fazem crer que você está na lista dos mais vendidos,dão rasteira nos bons escritores sem dinheiro,pagam a peso de ouro espaços em Bienais e lhe colocam no topo da pirâmide.Mas,se esquecem de avisar aos russos,isto é,aos leitores.E, apesar de todo  dinheiro gasto,de toda apelação, o livro não vende.Encalha.Depois de três tentativas carregando o defunto a editora desiste.Congela você e corre atrás de outro,mais rentável.Seus livros?Vão acabar nos sebos ,vendidos a dez réis de mel coado.Duvida? Acabo de comprar pela Estante Virtual um livro novo,nunca usado ou folheado, de um autor famoso,mas,que deixou de ser publicado,por apenas $20.E o livro,nos áureos tempos .era vendido por $80.
E, aposto  que esse autor nem sabe que está” ensebado” e nunca recebeu nada de direitos autorais,nem os dez por cento de preço de capa que as editoras concedem ao dono da obra.
Existe outra modalidade muito em voga,no momento.Você manda o arquivo,a editora publica sem você gastar um tostão,mas,ela é a dona do livro.Mexe no seu texto,faz o autor reescrever o livro todo para ficar “moderno”,decide a capa, enfim,é como se você parisse,entregasse o bebê bem amado,mas, não pode dar pitaco na educação dele.
Quando o livro fica pronto – pasme- o autor recebe 10 exemplares  e,se quiser mais tem que pagar á editora  para recebê-lo.Gente esperta ,essa,não?
E, não são grandes editoras,não, editoras de fundo de quintal,que podem sumir a qualquer momento.Só esse ano vi umas dez desaparecerem sem deixar rasto,enquanto outras sumiram com o dinheiro do autor.Basta abrir o facebook e clicar “editoras fajutas”.
O autor nem dispõe  do livro para deixar com amigos ou tentar a venda entre seus leitores.
Fazer o que,se está preso num contrato draconiano ,de no mínimo,cinco anos?
Mesmo assim ,encontrei autores muito contentes com isso.
Recebi muitas ofertas com o essas,mas,declinei todas.Preferi pagar os meus livros e ser dona deles.Andei certo.”A Bahia de Outrora” já está na terceira edição e os “Contos Apimentados”,na segunda.
Apesar de ser dona de editora,sinto-me á vontade para falar sobre isso,porque,acima de tudo sou escritora.e, passei por tudo isso e recebi muitas dessas propostas indecorosas.
Abri uma editora para publicar os meus títulos.Mas,ela foi crescendo,fui merecendo a confiança dos colegas que me indicaram a outros e  vamos crescendo.
Antes de ser escritora fui vendedora de livros, gerente para o Sudeste ,de uma grande empresa editorial.Gerente muitas vezes premiada.Vender livro é minha paixão.
Já arregacei as mangas.Certamente,os livros dos autores que escolheram a Pimenta não vão encalhar.
Nos próximos artigos falaremos sobre as editoras que trabalham sob  demanda e cujos autores pagam para ter seus livros publicados.









OS HAICAIS DO OSIRIS


O escritor Osiris Duarte,que faz questão de acrescentar,de Curitiba, é um mestre em hacais.
Vindo das frias plagas onde também florescem outros grandes escritores como o Prêmio Camões, Dalton Trevisan, reside ,hoje, em Lisboa para onde lhe levou o seu talento e disposição.
Confesso entender pouco de haicais,embora os ache uma magnífica prosa poética.
Mas,com o livro de Osiris , "haicais &haicus" tenho aprendido muito.

O livro é bilingue,está em Espanhol e Português,porque foi feito para correr mundo,mostrando o valor do hacaísta brasileiro nos mais diversos cantos da terra.
Para quem deseja aprender a fazer haicais, o texto "Diretivas para a iniciação de um haicaísta" é muito proveitoso.
Mas, para quem deseja apenas degustar poesia, é imprescindível tê-lo na sua estante, na mesinha da sala ou no escritório,para descontração.

UMA PEQUENA AMOSTRA DA POESIA


HAICAIS AO VENTO
pingos amarelos
espalhados pelo chão
são ipês ao vento.


HAICAIS Á NOiTE
fim da madrugada
que termina devagar-
que sol demorado!


HAICAIS INFANTIS

dorme um nenê
no balançar do cestinho
criança ou anjo?


HAICAIS RURAIS

ao redor do fogo
chá de canela bem quente
e bolo inglês.




IVAN LESSA




Partiu, hoje, de Londres para o infinito, aos 77 anos, o escritor Ivan Lessa,autor de três livros,colaborador do Pasquim e  da BBC.
Saudades eternas.

ÚLTIMA CRÔNICA DE IVAN LESSA

Orlando Porto. Taí um nome como outro qualquer. Podia ser corretor de imóveis, deputado, ministro, farmacêutico. Mas não é. Trata-se de um anagrama de um escritor francês – e ator e ilustrador bom e autor e figurinha difícil francesa e aquilo que se poderia chamar de “frasista”.

Feio como um demônio, no meio da década de 50 cansei de dar com ele dando comigo lá pelo Boulevard St. Germain, xeretando o Flore, o Lipp, fazia uma cara que quem ia dizer algo importante e logo sumia na companhia do Jean-Pierre Léaud, aquele maluquinho dos filmes autobiográficos do Truffaut.s
Dupla estranha. Os desenhos do —esse seu nome, artístico ou de batismo, Roland Topor— eram bacaninhas. Mas sempre foi Orlando Porto para mim.
Fez cinema também. O Inquilino do Polanski, o Reinfeld deNosferatu, do Werner Herzog. Até que bateu o que ocultava seus pés: umas botas estranhas como ele.
De vez em quando, numa revista esotérica, dou com ele. Ei-lo numa em inglês com “100 boas frases para eu matar agorinha mesmo”. Se chegou ao fim, e chegou, foi pelo cachê. Meros galicismos literários.
E aí trago à cena, mais uma vez, porque cismei, mestre Millôr Fernandes. Esse era profissional. Nada a ver com “frasista”. Trabalhava com a enxada dura da língua. Nunca para dar a cara no Flore, principalmente com Topor e Léaud.
Reli umas 100 frases do Orlando, ou Topor, e não resisti à tentação de, em algumas delas dar-lhes uma ginga por cima e outra por baixo, à maneira do frescobol querido do mestre, só para exercitar os músculos muito fora de forma.
Cem razões: Faço por bem menos, mas mais Copacabana e Leblon. Algumas raquetadas minhas em homenagem ao mestre cuja falta continuo sentindo:
- Melhor maneira de verificar, antes, se já não estou morto.
- Mas não se mata cavalos e malfeitores?
- Pelo menos eu driblaria o câncer.
- Milênio algum jamais me assustará.
- Apanhei-te horóscopo! Pura enganação!
- Levo comigo a reputação de meu terapeuta.
- Pronto, agora não voto mais mesmo! Chegou!
- Aí está: uma cura definitiva para a calvície.
- Enfim cavaleiro do reino de sei lá o quê.
- A vida está pelos olhos da cara. Pra morte eles fazem um precinho especial, combinado?
- Enfim, ano bissexto nunca mais. Esses ficam para o Jaguar. O resto pro Ziraldo.
- Ao menos é uma boca de menos a sustentar.
- Só quero ver quanta gente vai sincera no meu funeral.
- Pronto! Inaugurei estilo novo: Arte Morta.
- Sabe que minha vida não daria um filme. O livro eu já escrevi. Deixem o desgraçado em paz, peço-lhes.
- Custou, mas estou acima de qualquer lei que vocês bolarem aí.
- Levou tempo, mas cortei enfim meu cordão umbilical.
- Roncar, nunca mais. Nem eu nem ninguém ao meu lado.
- Que desperdício nunca ter fumado em minha vida!
- Consegui preservar o mistério sempre giarando em meu torno.
- Maioria silenciosa? Essa agora é comigo.
- Na verdade, nunca me senti à vontade nessa posição incômoda de cidadão do mundo.
- Ei, juventude, pode vir que pelo menos uma vaga esrá aberta.
- Emagrecer é isso aqui.
- Agora é conferir se, do outro lado, sobraram tantas virgens assim.
E assim, cada vez que um”frasista” passar por perto de mim, leve uma nossa: minha e de Millôr. Dois contra um a gente ganha mole.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120608_ivan_lessa_rw.shtml



                                              CANTINHO DO HUMOR



















Nenhum comentário:

Postar um comentário