JUNHO/12
As
festas de Sto.Antonio
O
mês de junho é mês de festas,no Nordeste.Fogueiras,comes e bebes,novenas e
trezenas,bandeirolas,quadrilha,forró.Antigamente,também balões.Mas,o santo da
devoção das moças e senhoras é mesmo StoAntonio.A tradição desta festa vai há
mais de 300 anos,e,chegou até nós,graças aos portugueses,que herdaram dos
celtas,pois,nessa época,começava o plantio,e,de invocavam e festejavam os
deuses,para obter boas colheitas.Minha avó,nunca deixou de festejar Sto.Antonio;tinha
um bem grande,de madeira,barroco,bem gorduchinho,com o Menino Jesús,nos braços.Mal começava o
mês,toda a casa se mobilizava.Nós,as crianças,corríamos para o armazém de
Jesuino,para comprar papel de seda,de todas as cores,mas,principalmente
azul,cor do santo.Faziamos as flores em papel crepon,bem bonitas,variadas em
formas e tamanhos,trabalho para minha mãe,que era muito prendada;as crianças
ajudavam a cortar e colar as bandeirolas coloridas,usando a goma
arábica,cuidadosamente,para não manchar.A guarnição do altar de três
andares,ainda tinha vários enfeites e guirlandas,enfeitados com areia
brilhante,papel dourado,anjos,faixas de agradecimentos,em tafetá,tudo ao gosto
do santo.Rezava-se o Responso,para achar coisas perdidas e tirar das
aflições,pois a fama do santo era imbatível.Nenhum mais milagreiro que ele.”Se
milagres desejais,recorrei a
Sto.Antonio,”era um dos versos do responso.”Recupera-se o perdido
Rompe-se
a dura prisão
E,no
auge do furacão,
Cede
o mar,enraivecido.
Quando
o milagre acontecia,rezavam-se as trezenas,em agradecimento,com flores,de
preferência angélicas,rosas e cravos,cânticos,fogos,fogueira e muita
comida:canjica,lelé,cocadas,milho assado e cozido,amendoim,bolos
diversos,pães,mingaus de milho e tapioca,bolinho de estudante,também chamado
“punheta”,talvez por causa do formato,comprido e grosso,sei lá...E,havia os
licores...A boa dona de casa,os preparava ela mesma,o genipapo de infusão ,de
ano prá ano,na boa cachaça,dentro de uma vasilha escura,de vidro,para não pegar
sol.,escondida no porão;havia licor de maracujá,cajá,passas,rosas(feito pelas
freiras do Bom Pastor)e licor de tamarino;ainda não falei da doçaria,sequilhos
de côcoe nata,que desmanchavam na boca,alfenins,carecas de arcebispo,olhos de
sogra,já estou engordando só de lembrar.!Vinha muita gente,pelo santo e pela
comida.Milhares de fogos,vulcões,rodinhas,traques,bombas,chuvinha,as crianças
se regalavam.A fogueira,imensa,no meio do quintal,enfeitada de guirlandas ao
redor,as pessoas pulavama fogueira,viravam “compadres e comadres,”as moças e os
rapazes,iniciando um namoro,pois o santo é,acima de tudo,casamenteiro.Escolhido
o pretendente,era a hora das “simpatias”;quem quisesse saber com quem ia casar
era só arrumar uma bacia virgem,encher de água,e,colocar nela papeluchos com o
nome dos candidatos,dobrar bem
dobrado,na noite do dia 12 e colocar num quarto bem escuro;no dia
seguinte,13,ia verificar;o papel que estivesse aberto,continha o nome do noivo
prometido.Era pau,casca;não falhava.Também havia a simpatia dos limões,esta bem
portuguesa:numa caixa,colocavam-se três limões;um bem verde,outro meio verde e
um bem maduro;deixar num quarto bem escuro,á noitee,no dia seguinte,a moça
pegava,ao acaso,um limão;se viesse o bem verde,ia casar com rapaz moço;meio
verde,com um homem maduro;já o maduro,ningu´em queria;significava casar com
velho,possivelmente viúvo e com filhos,prá a moça acabar de criar.No fim da
festa,distribuía-se os pães bentos,pequenos,redondos,que não se comia;se punha
na lata da farinha,para a casa ser
sempre farta.Muita mocinha afoita não resistia e comia o pão proibido,diante da
imagem,pensando no amado,para apressar o casamento.
Bons
tempos que não voltam mais,pois a força do progresso,silenciou as
tradições,como diz a música.
Mas,eu
lhes digo;continuo acreditando.”Que seria de mim,meu Deus,sem a fé em
Antonio!”Além do mais,meu marido é Antonio,lisboeta e nasceu em junho.Quer
mais!????
SÃO JOÃO DO CARNEIRINHO
Ai,São
João,São João do carneirinho
Diga lá prá
S.José
Que é prá ele
me ajudar
Prá meu milho
dar
20 espiga em
cada pé.
Tão antiga a festa de S.João!
Remonta á
cultura céltica,coincidindo com o solstício do verão para os povos do
hemisfério norte.Era o tempo das colheitas.Por isso,acende-se
fogueiras,dança-se em volta do fogo,salta-se as chamas.
Todos sabemos
a importância do fogo,para os antigos;qualquer celebração era á sua volta,pois
a fogueira representa a força do sol,um espantalho contra as forças maléficas e
um amuleto contra calamidades.
Já para nós,a
fogueira,segundo a lenda,veio de uma combinação entre as duas primas,Maria e
Isabel,ambas grávidas,uma esperando Jesus,a outra,João;quem tivesse o filho
primeiro,avisaria á outra,acendendo uma fogueira,naquele tempo sem celulares
nem telégrafo.João chegou primeiro e Isabel acendeu a fogueira no alto do
monte,para avisar a outra.
Quem trouxe a
tradição de S. João para o Nordeste foram os padres jesuítas;os índios logo
aprovaram a idéia da festa já que adoravam danças e festejos ao pé do fogo.
Por um motivo
que não me recordo,proibiu-se as fogueiras em 1855.Logo depois,uma terrível
epidemia da cólera assolou a cidade e o povo entendeu aquilo como um castigo
divino;não se brinca,impunemente com S.
João!
As brasas da
fogueira são consideradas bentas;assim que se apagam devem ser guardadas;elas
garantem uma vida longa e saudável.
No interior
existe o costume de se colocar uma árvore no centro da fogueira para tentar a
sorte.Mas,se a árvore tombar na direção da casa---Misericórdia!—é sinal de
morte certa para o dono.Agora,se a árvore for consumida pelo fogo,sem cair,é
fortuna e prosperidade,na certa.Esse costume não é nosso.Na França,queimavam a
árvore de S.
João,em Nôtre
Dame;também lá,o povo disputava o carvão,que guardava como
amuleto.Satisfeita,eu vejo que nossas tradições resistem ao progresso;porque as
pessoas são sempre as mesmas,nossos medos ancestrais continuam latentes,nossas
crenças nos talismãs de bom augúrio,também,por isso,as garotas ainda enchem a
boca d’ água e se postam atrás das portas,esperando que alguém grite o nome de
um homem,que será o futuro pretendente;outras enterram uma faca virgem na
bananeira,pois a inicial que se formar é a do futuro noivo;algumas lutam com
agulhas dentro d’ água ou papelinhos enrolados com nomes masculinos;o que
abrir,será o do prometido.Assim,S. João vai impondo seu papel;sai vencedor do
tempo.Pena que nunca acorde pare ver o quanto é esperado e festejado;ignora as adivinhações que se fazem em seu nome e as
cantilenas que se repetem,ano após ano:
Em louvor de
S.João
Sim ou não....
SÃO PEDRO, O DAS
VIÚVAS
Nos dias de hoje só as viúvas festejam São Pedro. Só
elas queimam fogueiras,talvez,para abafar o fogo nos seus corações solitários.
Contudo, o
santo continua imbatível nas adivinhas.
Um oráculo respeitado.
Na Bahia de outrora, contava-se a estória de uma
mocinha que andava triste com a falta de pretendentes, numa época em que o
casamento era a única ocupação da mulher e seu único refugio contra as
privações e os azares da sorte.
Ela fez todas as adivinhações de São João e nada de
aparecer uma pista ;uma vez apareceu um véu de noiva na clara do ovo,mas,tanto
podia significar casamento como mortalha.
Aí ela tomou uma decisão. Benzeu na fogueira uma
vasilha com água,derreteu o chumbinho que antigamente vinha preso nas ourelas
das peças de tecido e deu prosseguimento ao ritual.Acreditem,vocês,garotas de
hoje,que ficam,azaram,vão ás baladas e não estão nem aí para
pretendentes.Dentro da bacia,apareceu,nitidamente a figura de um homem jovem,com um violino ao queixo,de pé,num navio.
No ano
seguinte,já mais tarimbada nas adivinhações,rezou a oração de S. Pedro e
postou-se atrás da porta da rua com a boca cheia de água,como se fosse fazer um
bochecho.Não demorou muito,ouviu alguém gritar;
_Francisco,Francisco!Anda prá casa, menino!...
Meses depois aportou a Salvador uma
embarcação,trazendo um violinista chamado Francisco,que andava sempre com a
cabeça um pouco inclinada para o lado.
O navio apresentou um defeito qualquer e teve que
ficar quinze dias no porto,tempo suficiente para os enamorados se
encontrarem,namorarem e casarem.
È verdade e dou fé.Sei que foram felizes para
sempre.
A MALDITA CACHAÇA
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Mas,antes,leia este trecho ,para degustação:
Assim fui ficando moço
Alcançando a mocidade
Bebendo pinga no mato
E whisky na cidade,
Não rejeitava bebida
Cerveja, vinho e batida,
De toda variedade.
...........................
Eu passei quarenta anos
Fazendo merda na vida
Alem de beber, fumava
Juntava o fumo e a bebida.
A cachaça e o cigarro
O mau hálito com pigarro,
E a garganta dolorida.
.......................
Era difícil um velório
Não ter pinga pra beber,
Falo na minha franqueza
Sem vergonha pra dizer,
Que eu ficava satisfeito
Quando eu via um sujeito
Arquejando pra morrer.
Divertido e educativo.
Confira!
PURO HUMOR!
...ESSA NÃO ARDE NO SEU BOLSO!
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