Soneto XVII
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:te amo
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
Neruda foi, no século passado, um dos poetas que mais ajudou a difundir a "poesia dos catorze versos". Sua obra "100 sonetos de amor" percorreu o mundo, sendo traduzida em vários idiomas, inclusive o português. Repare no primeiro terceto, um dos mais bonitos da história dos sonetos.
Fonte:Sonetos.com.br
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