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quarta-feira, 5 de maio de 2010

PABLO NERUDA: SONETOS

Amor e Psique
Soneto XVII


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio

ou flecha de cravos que propagam o fogo:te amo

te amo como se amam certas coisas obscuras,

secretamente, entre a sombra e a alma.



Te amo como a planta que não floresce e leva

dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,

e graças a teu amor vive escuro em meu corpo

o apertado aroma que ascendeu da terra.


Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,

te amo diretamente sem problemas nem orgulho:

assim te amo porque não sei amar de outra maneira,


senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que tua mão sobre meu peito é minha

tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


Pablo Neruda


Neruda foi, no século passado, um dos poetas que mais ajudou a difundir a "poesia dos catorze versos". Sua obra "100 sonetos de amor" percorreu o mundo, sendo traduzida em vários idiomas, inclusive o português. Repare no primeiro terceto, um dos mais bonitos da história dos sonetos.


Fonte:Sonetos.com.br

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