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quarta-feira, 11 de agosto de 2010
AMADO JORGE
Agosto,ao contrário do que diz a tradição,não pode ser um mês tão azarado assim,pois,neste mês nasceu Jorge Amado.Dia 10,exatamente.
Leonino com todas as qualidades do signo que tem o sol como astro dominante ,Jorge iluminava qualquer ambiente por onde passasse. Jorge era luz!
Não foi por acaso que Jorge nasceu na Bahia; a Bahia mereceu Jorge,ou melhor,ambos se mereceram e se amaram profundamente.
O escritor levou essa paixão aos quatro cantos do mundo;fez sua terra conhecida,seus costumes e tradições desvendados e despertou no mundo a curiosidade sobre esta terra mística e encantadora que fez nascer homens assim.
Seus personagens são eternos.
Jorge não se considerava um escritor,mas,um contador de estórias e, é sim,um dos maiores do mundo.
Despojado, humano,afável,perambulava pelas ruas de Salvador,reconhecido e aclamado por todas as classes sociais.Suas camisas estampadas e de forte colorido chamavam atenção.
Homem de hábitos simples,eu o encontrava sempre na Perini Master,sentado no banco da sua praça que o amigo Pepe inaugurou dentro do espaço da loja,enquanto Zélia,azafamada,percorria as gôndolas em busca de temperos especiais para o seu amor.
A primeira vez que o vi e lhe fui apresentada foi na casa de um amigo comum, o pintor Mirabeau Sampaio.Entre as centenas de santos barrocos e telas de pintores famosos como Aldemir Martins e painéis de Carybé,trocamos algumas palavras.
Mas,Mirabeau,amigo irmão, me contava vários causos sobre ele.Formavam um trio maravilhoso: Jorge,Mirabeau, Carybé,o argentino mais baiano do mundo.
Trocavam chistes, roubavam santos e sapos uns dos outros,falavam sacanagens,irreverentes todos eles,línguas despudoradas.Relembravam fatos da juventude,causos de colégio,o Vieira para Mirabeau e Jorge,o cassino Tabaris e os puteiros.Causos de mulheres da vida cheias de calor humano e caridade cristâ que faltam a muitas beatas,como aquela madame dona de castelo na Ladeira da Montanha que, ao saber da morte de Norma,bem – amada esposa de Mirabeau,presenteou-lhe com uma magnífica coleção de tangos argentinos,para consolar a dor da perda.Tangos que eu ouvi nos fins de tarde enquanto tomava um café e bebia sabedoria baiana dos lábios do meu amigo.
Jorge completaria 98 anos .
Como os escritores não morrem,ficam encantados,ele e Zélia devem ter comemorado o evento sentados naquele banco da casa do Rio Vermelho,ao lado dos grandes amigos,Mirabeau, Carybé e Caymmi.
Enquanto a cidade os reverencia,com os dobres dos atabaques,com a cadencia do samba,com os trejeitos das morenas sestrosas,com as talagadas de cachaça servidas no Pelourinho,onde novos Quincas passeiam e pastoreiam a noite,e no cais onde outros Mestre Manoel e o que resta dos saveiros preparam uma moqueca de peixe bem apimentada, pelas ruas e ladeiras da Bahia –pois com certeza sairiam para bebemorar – prostitutas,mestres de saveiros,capitães de areia,gigolôs,travestis,obás,filhas de santo,lhes pedirão a benção.
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Bela lembrança do velho e querido Jorge.Sempre digo que ja conhecia a Bahia atraves de Jorge e quando vim efetivamente me senti em casa ja conhecida.A categoria de Jorge em descrever a Bahia me fez estar por aqui muitos anos atrás, andando pelas ruas do Pelô,em cada beco, em cada roda de capoeira. Ler Jorge deveria ser obrigado.Obrigado Jorge! Obrigado Miriam por falar de Jorge.
ResponderExcluirToninho,é obrigaçãao dos baianos n/ deixar o Jorge ser esquecido.E é com muita paixão q/ recomendo seus livros. bjs
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