Muitas vezes, na história do mundo,pequenos fatos podem desencadear acontecimentos notáveis.É claro, que,minúsculos acontecimentos não detectados no dia a dia vão se acumulando como mágoas até que explodem aos borbotões sem que a gente espere ou perceba,mudando o “establishment” de uma hora para outra.
Assim aconteceu com a queda da Monarquia brasileira e a proclamação da República.
Uma questão militar, seguida de um levante geral das tropas de terra e mar foi a causa imediata dessas mudanças no tecido político brasileiro.Mas.os acontecimentos de 15 de novembro de 1889 foram apenas a gota d’água que transbordou o copo da insatisfação social vigente.
Herdamos a Monarquia de Portugal, regime comum aos Estados europeus em que a uma pessoa bastava ter sangue real para ter o direito de administrar um país;para isso,desde pequenininho era preparado e educado para aquela função.
Nosso imperador Pedro II, homem de extremo saber,era amado pelo seu povo,mas,a sucessão preocupava a todos,já que o nosso imperador já era um homem idoso e planejava abdicar em nome de sua filha,Isabel e descansar em Paris para fazer o que mais gostava:estudar,fotografar e conviver com a sociedade científica,longe dos problemas do poder.
Acontece, que o marido de Isabel,o Conde D’Eu era” persona non grata” aos brasileiros e a princesa não contava com a confiança do povo.
Apesar de ter assinado a Lei Áurea que extinguia a escravidão,ou por causa desse fato que irritou os grandes fazendeiros de S.Paulo e Minas,o povo não apoiava a princesa.
Conta-se que,assinada a Lei Áurea,o Visconde de Ouro Preto lhe disse:
-A senhora libertou um povo, mas, perdeu o trono.
Então,veio a questão militar;há muito os quartéis mostravam sinais de inquietação influenciados pela maçonaria e pelo positivismo em voga na época e alguns atos monarquistas punindo oficiais só acirrou os ânimos.
Entre eles estava o Marechal Deodoro da Fonseca, militar respeitado e admirado pela tropa ,mas,também respeitador da lei e amigo pessoal do Imperador.Graças a essa posição,seus colegas de farda o incumbiram de ir ao Palácio pedir à D. Pedro a revogação das punições.
O Governo cedeu face às pressões, inclusive,do Senado.Mas,as relações entre o Governo e o Exército não melhoraram.
A propaganda republicana antes confinada a clubes fechados e ti-ti-tis caseiros ganhou as ruas.
Quintino Bocaiúva,Silva Jardim, Lopes Trovão,Nilo Peçanha escreviam artigos magistrais;Campos Sales,Prudente de Morais pregavam abertamente a República,em S. Paulo.Benjamim Constant,positivista emérito fazia inflamados discursos na Escola Militar.
E, acima de todos,impressionando o espírito público e conquistando as classes armadas, o baiano Rui Barbosa,a “Águia de Haia”,escrevia artigos disputadíssimos no Diário de Notícias,lidos pela elite brasileira.
No decorrer do ano de 1889 ,o Gabinete presidido pelo Visconde de Ouro Preto começou a tomar certas medidas que preocuparam o Exército.Ele aumentou o corpo de polícia e organizou a Guarda Nacional além de remover da Capital todo um corpo da Infantaria;além disso,trocou os comandos e excluiu vários oficiais importantes das solenidades públicas;ficou patente que o Gabinete queria desestabilizar o Exército.
A Conspiração Militar ganhou força e foi para as ruas.
A República foi feita, sem a menor resistência.
O Império Brasileiro que durou 65 anos vinha desgastado pela sucessão de governos imperiais desacreditados e pelos partidos políticos sem mensagens novas que se eternizavam no poder: o Partido Liberal e o Partido Conservador.Este último há tempos no poder não oferecia solução para os graves problemas do país.
O Imperador deposto foi para a Europa e os principais nomes que apoiaram o movimento tomaram o poder.
A palavra república vem do latim e significa (res) coisa (publica) do povo.
Uma convulsão social de proporções acompanhou a chegada deste movimento, sendo o mais importante a Guerra de Canudos.
COMENTÁRIOS:
Belo artigo Miriam.
Talvez você consiga resolver uma duvida que nunca consegui esclarecer: o nome "proclamação" da república foi adotado, mas poderia ter sido "golpe", "conspiração" ou até um patriótico "revolução republicana". Você saberia dizer em que ano se tornou corrente esse nome "proclamação" para designar o golpe que derrubou d. Pedro II?
Cleber Resende · Belo Horizonte (MG) · 19/11/2009 18:06
Artigo histórico. Bom para relembrar o berço de nossa trajetória republicana.
Paola Rhoden · Brasília (DF) · 20/11/2009 22:19
maravilha de texto, bom final de semana.
O NOVO POETA.(W.MARQUES). · Franca (SP) · 21/11/2009 18:07
Outra aula da Miriam, mas dependesse de mim continuariamos uma monarquia, parlamentar, ficando livre de um monte de picaretas oportunistas que governaram o braziu... Picaretas por picaretas os reiseprincipes são mais charmosos...
Pedro Galuchi · São Paulo (SP) · 26/11/2009 17:41
Baiana! Estou cá. Lí seu texto e relembrei meus primeiros anos de escola.Bonito. Leio muito história e gosto. Gostaria que escrevesse algo no seu estilo sobre Hamsés ll. Faraó do Egito antigo. Prabêns pelo trabalho. Um abraço.
Geraldo Edimar · Jaíba (MG) · 16/12/2009 18:14
16 nov (4 dias atrás)
Nossos aplausos por tão esclarecedor e oportuno texto, cara Miriam!
Grande abraço e ótima semana
Paulo Martins
19/11/10 23:34 - Zélia Maria Freire
É, bem que se está precisando de uma sacudidela para acordar o nosso
patriotismo que anda em baixa. Valeu Miriam. beijo de zélia
Miriam, eu tenho um belo livro que trata desse episódio sob o ponto de vista da população comum, OS BESTIALIZADOS, de José Murilo de Carvalho. Bestializados porque era assim que ele considerou ter ficado o povo diante dos acontecimentos quase à sua revelia. Muito bom, vale a pena. Meu abraço. Paz e bem.
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