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quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Após uma semana, a pergunta mais comum na Feira do Livro de Frankfurt foi como ganhar dinheiro com as novas tecnologias. E não faltaram respostas para editores com grandes pontos de interrogação sobre as cabeças. Wook, bebook, e-book, gamebook, audiobook, de chocolate e, mesmo, feitos com o velho e bom papel seguiram ponta a ponta nesta corrida sem linha de chegada. Mas a indústria do livro continuou tocando o barco, até porque o Natal está perto. Fechou com crescimento de 2,6% nas vendas de direitos de autor em relação ao ano passado e público ligeiramente menor, 2,7%, mesmo assim perto dos cerca de 300 mil de 2008.Se os livros serão lidos em celulares, computadores, em redes sociais ou em textos de 140 caracteres, os leitores começam a dar respostas. O que a discussão sobre o futuro não pode sobrepor é o papel do livro: educar, entreter, trocar idéias e emocionar as pessoas, foco principal do trabalho das editoras. Cabe às empresas de tecnologia encontrar os suportes para isso e a feira deu uma boa perspectiva de como a tecnologia pode incrementar os diferenciais do livro nos 100 países participantes do evento, mesmo sabendo que estas iniciativas podem não sobreviver até a próxima edição.Na China, a editora Shanda aprendeu a tirar partido da junção de conteúdo, internet e redes sociais. Dona de três sites de literatura criada por usuários que juntos geram 500 milhões de page views, a editora atua em três frentes: Qidian produz histórias para adolescentes homens com temas como artes marciais, ficção científica e guerras, enquanto Jinjiang e Hongxiu publicam romances para garotas adolescentes.A partir de um negócio que começou com a oferta de conteúdo gratuito, a empresa conta hoje 36 milhões de usuários cadastrados, 2,7 milhões de títulos e autores entre os principais best-sellers do país. A Shanda utiliza um modelo de negócio de pagamento por leitura. “Ganhamos com os centavos, pois nos valemos do grande número de habitantes do país, além dos hábitos de leitura e acesso à informação”, diz Zhou Hongli, chefe do setor de direitos autorais da empresa.Segundo ele, o sucesso se explica pela conveniência na aquisição e leitura dos títulos, suporte digital amigável ao público chinês e preço mais baixo frente ao livro impresso. Dados de dezembro de 2008 do Instituto Chinês de Publicação Científica, apresentados por Hongli, indicam que a edição digital já alcança 338 milhões pessoas, sendo que 69,3% lêem pela internet e 29,4% por celulares.É um mercado que gerou 7,8 bilhões de dólares de receita em 2007, deve superar o negócio tradicional de livros este ano e já tem seus autores best-seller. Entre eles, Zhang Wei, autor de nove séries (cada série compreende entre 10 e 14 títulos) que já venderam cerca de 400 mil cópias cada. Zhang, um ex-engenheiro de internet de 29 anos, começou a chamar a atenção da editora em 2004 quando seu primeiro trabalho tornou-se um sucesso no site Qidian. Seus livros usam roteiros que caberiam muito bem em jogos eletrônicos, como heróis que vivem em outros planetas e salvam a terra com a ajuda de superpoderes.O modelo de negócio da Shanda é simples e também atrai o interesse dos escritores por pagar entre 20 e 50% dos lucros, contra os 10% de avanço do mercado tradicional. Qualquer escritor pode registrar-se nos três sites e publicar seus trabalhos. Os títulos com maior potencial recebem propostas que incluem a publicação de livros ou adaptação para outras mídias, como filmes, histórias em quadrinhos ou jogos eletrônicos. É o caso dos livros de Zhang Wei. Já os usuários podem ler metade da obra de graça e então pagar uma taxa de cerca de três centavos de real por cada mil caracteres para o resto do livro.Aplicativo O tamanho da população alemã é quatro vezes menor que a quantidade de leitores de livros digitais na China, mas a editora Graefe und Unzer encontrou na produção de aplicativos para iPhones achou um nicho para seus livros no mercado digital. Baseada no crescimento das taxas de penetração do celular no mundo, que segundo a União Internacional de Telecomunicações, devem atingir 59% da população mundial em 2010, a editora desenvolveu o aplicativo Kochbuch (livro de receitas), adaptação de receitas retiradas de seus livros de maior sucesso. Lançado em março deste ano no iTunes ao preço de 2,39 euros, o livro já foi “baixado” 4.680 vezes, gerando uma receita que já compensou todo o investimento feito, afirma Annette Beetz, diretora de marketing e vendas da empresa.Ela explica que a editora mantém um time próprio de criadores de conteúdo digital e remunera os autores com 8% das vendas dos aplicativos. O diferencial do produto é oferecer o que o usuário busca e atender suas necessidades mais imediatas. Segundo Beetz, há uma grande diversidade de conteúdos procurados por usuários de iPhone, portanto garantir audiência continua passando por conhecer as preferências do usuário.“Além disso, as aplicações para celulares agregam valor à marca da sua empresa. Ampliam o reconhecimento da marca, criam a percepção de progresso junto a clientes, reforçam os benefícios do uso conjunto de informação impressa e digital e nos ajudam a entender melhor o impacto de tecnologias emergentes em nosso mercado”, descreve.tags: jornalismo-midia frankfurt feira-de-frankfurt frankfurt-2009 negocios china internet livros-!

Autor:Fabricio de Paula(Portugal)

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