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quarta-feira, 6 de outubro de 2010
VINCERE, RADIOGRAFIA DE UM DITADOR
O homem nasce bom; a sociedade o corrompe, dizia o filósofo Rousseau. Claro,uma criança é uma folha em branco que será preenchida pelas suas experiências e aprendizados no decorrer da vida,porém,a genética não deve ser menosprezada. Fui atacada por essas considerações filosóficas logo depois de assistir o magnífico filme italiano Vincere,do excelente cineasta Marco Bellocchio,o homem que percebeu - não com belos olhos,mas,com olhos voltados para a realidade – o nascimento de um ditador. O filme trata dos primeiros anos de Mussolini,um governante que ascendeu de uma forma inexplicável entre os italianos,embora fosse um ser humano cruel e um político equivocado,cujos destemperos colaboraram com o sofrimento e derrota do seu país na Segunda Guerra Mundial. Que se examinem os homens,aconselha Bellocchio,porque não se pode separar o homem do ditador em que ele se torna.Sábio conselho!
O filme mostra Mussolini visto por Ida Dasler,uma mulher apaixonada que para segui-lo esquece tudo –família,valores,crenças – e financia o jornal Il Poppolo d’Italia,plataforma para o lançamento de Mussolini como líder político. Quando ele se alista para lutar na 1ª Guerra e volta ferido ela vai visitá-lo não hospital e descobre que ele já era casado com Rachelle Guidi e tinha filhos;ele a enxota do hospital como um cachorro,embora estivesse grávida de Benito Albino Mussolini,filho do ditador. Sem dinheiro,desiludida no seu amor e ferida de morte ao descobrir que o homem que amava e admirava era,na verdade um crápula vendido,Ida começou sua campanha pública pelo reconhecimento do seu filho.Foi presa e colocada num manicômio até morrer de hemorragia cerebral anos depois. Nas poucas visitas do poder à moça,percebemos o comportamento dos poderosos e dos seus asseclas,as mentiras montadas, a supressão de documentos importantes,a chantagem insidiosa aos parentes e amigos da mulher,a degradação pública patrocinada por uma imprensa leniente, a morte de um amor causador da perdição da pessoa mais fraca. Seu filho,também,foi encarcerado num hospital e,depois de tomar à força muitas drogas poderosas,morreu aos 26 anos num manicômio. Essas pessoas foram banidas da biografia do ditador e a certidão de casamento de Ida nunca foi encontrada.
O que o filme se propõe a mostrar é que sempre existe um homem atrás do mito e que ambos devem ser estudados , pois um, nunca poderá separar-se do outro.Benito recebeu sem nenhum escrúpulo o amor e o patrimônio de Ida;Mussolini soube como alijá-la da sua vida quando isto lhe foi conveniente e essa relação poderia prejudicar os seus interesses e sua incansável luta pelo poder. O indivíduo massacrado pelo sistema não é um fato novo. O filme vem bem a propósito no momento em que a direita fascista está estudando uma reabilitação da memória de Mussolini.E que a presença do bufão Berlusconi no poder já se estende há três anos,apesar dos escândalos sexuais e financeiros que envolvem seu nome. Bellocchio,na sabedoria dos seus setenta anos,quer provar que o cinema tem um papel relevante na sociedade e na construção da história de um pais.E que cabe aos artistas –escritores,músicos,cineastas – registrarem sem piedade os erros de um sistema. A metamorfose de Mussolini , -de agitador socialista que queria derrubar o rei e assassinar o papa - em ideólogo do fascismo,sua ascensão ao posto de ditador e aliado da Alemanha Nazista, nos deixa pasmos; fica difícil de entender como esse homem tornou-se ídolo dos italianos. Ma,la nave va... Mas,que vá sempre fiscalizada pelos artistas,escritores e cineastas.
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Tá vendo como é o poder, Miriam? E esse filme (que não deve ser do circuito comercial hollywoodiano), nem está sendo muito divulgado. Vou correr pra ver, Abraços, amiga! Paz e bem.
ResponderExcluirOi Miriam!!!! Que delícia de blog!!!! Graças ao meu bom amigo Cacá, cheguei até aqui e olha que coincidencia, hj "reprovei" um filme em cartaz nos cinemas em meu blog e eis que encontro aqui, uma indicacao!!! Com certeza, vou conferir!! Beijo grande!!!
ResponderExcluirCaros amigos Cacá e Geyme,que bom tê-los aqui comigo!Posso me considerar uma vencedora,n/ no estilo Mussolini,claro...rsss
ResponderExcluirGeyme,seja bem vinda.O Cacá é um amigo que adoro é um tesouro,mais um,descoberto nas Gerais.Minas tem ouro,ferro,prata,gente maravilhosa e tem o Cacá,um ícone entre todos.
Vou visitá-la,querida,e trocaremos figurinha.
Qto aos grandes deste mundo...infelizmente,nenhuma ilusão. bjs calorosos a ambos.
Bela interpretação de um filme que faz a curiosidade em ve-lo.Lembro ter lido que Simon Bolivar ao assistir a coroação de Napoleão teria sentido o que o poder faria com aquele homem e questionou a coroa que ela colocava na cabeça, dizendo que ele seria uma praga para a humanidade. O poder que estraga e dilacera, que tanto mal faz.Bela postagem de generosidade Miriam. Sempre minha admiração,abraço de paz e luz.
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