Seguidores

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CENAS DE CARNAVAL...



O camarote elegante, naquele hotel em Ondina ,estava lotado.Cheio de artistas globais,piriguetes,made in periferia,mas,com cara de donzelas,empresários de moringa cheia,balançando mais que navio em tempestade e velhas senhoras ultrapassadas,fingindo de brotinho e mostrando ,sem querer,as mal disfarçadas pelancas.Além dos gays,é claro;sem eles,nenhum camarote se sustenta.

Repara naquela madame,mesmo ,de nome comprido,apesar de ser ainda muito cedo,já tinha tomado todas,porém,o cavalheiro que a cumprimentou:-Oi! estava ainda pior,pois,sendo assessor de político,nesses tempos brabos em que eles andam em baixa,tinha mesmo que soltar as frangas,descontrair,para não endoidar de vez.

A velhota não devia ser mulher de oi,pois,olhou o sujeito meio atravessado e não respondeu ao cumprimento.

Mas,o tipo achando que não foi ouvido,descambou atrás dela,caindo e levantando e falou:

-Feliz Carnaval prá você!

Contrafeita,a mulher respondeu:

-O mesmo lhe desejo.

O homem sorriu,pegou uma taça,derramou um champanhe e ofereceu.

-Vira essa ai para soltar a alegria...

-Você já bebeu um bocado(hic);não tá na hora de parar?

-Êpa,pára esse papo cabeça.Parece conversa de mulher casada.

-Acontece que eu sou casada.

-Caramba,eu também,pô!Deu um soluço de bebum,- hic,hic- e ficou balançando o corpo prá lá e prá cá,como macumbeiro em transe.Sou um bocado casado;desde 1975,sacou!?

-Ora essa,eu também...Qual é o problema?

-Que puta coincidência,né?O Carnaval tem dessas coisas,a gente encontra caras que não vê a uma cara...Riu,satisfeito com o trocadilho infame. - Puta merda!

-Mas,me diz,você casou naquele convento enooorme,cujo aluguel do espaço deixa a gente limpo?

-Foi.Os bem-nascidos casam ali,né?Disse orgulhosamente_.

-Verdade,falou entornando um copo ,dessa vez de chopp.Também casei ali.E,pensativo:-Quanta coincidência!Não me diga que sua lua de mel foi em Paris...

-Claro,e viajei pela Varig.

_Puxa,eu também.Quase toda a gente passa lua-de-mel em Paris.

E,meio desanimado-Como se isso valesse prá alguma coisa...

Ela pareceu despertar de um sonho e aceitou o canecão de chopp que ele lhe ofereceu;já estava prá lá de marrakech,como diria o mano Caetano,mas,foi em frente.

Falou prá ele,a voz engrolada,meio triste:

_A lua-de-mel não depende do lugar; e,completou,filosofando:-Depende mesmo é do casal...

O cara deu um risinho e explicou:

-Minha mulher sempre diz isso...

Agarrou dois canecões que encheu de chopp,oferecendo um prá ela.

Mas,a mulherzinha já tava mudando o rumo da prosa.

-Olha aqui,Pauleta,você já bebeu demais.Vambora...

E agarrando um cambaleante marido o carregou prá casa.





FALA O LEITOR:

KKK!






Este é verdadeiro homem-chopp: bota-se no isopor, joga-o debaixo dos braços e leva para qualquer lugar!...
Barreto,poeta

2 comentários:

  1. Coisa de carnaval, onde todos ficam cinzas antes da quarta.Total perda de censura pra viver as travessuras.Meu abraço Miriam.

    ResponderExcluir
  2. Devolvido c/ juros,Toninho.
    Grata pela visita constante,ao contrário dessa tua amiga ingrata,cujo tempo n/ sobra p/ visitar os amigos.Mas,longe dos olhos,perto do coração.

    ResponderExcluir