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sábado, 19 de junho de 2010

A LONGA VIAGEM DO ELEFANTE




A notícia da morte de Saramago (Morte de Saramago? sinto q/ ainda não me caiu a ficha!)me alcançou num dia feliz.

Estava num hotel em Salvador com meus cunhados portugueses tramando um passeio pela Bahia histórica, onde nossos antepassados comuns, deixaram a sua marca.

Naquele momento, para mim,o sol se pôs;o maior escritor da língua portuguesa de repente, não mais estava lá;tinha ido,como ele desenhava assim a morte.

Levantada do chão fiquei eu.

Sem ter para quem apelar passei uma mensagem telepática para Blimunda,aquela que recolhia os espíritos,no livro “Memorial do Convento”,pedindo-lhe que nos trouxesse de volta este monumento da literatura mundial.

Sem resposta, juntei a coragem e as lições de vida e paciência que recebi do Cipriano Algor,tentando imaginar-me sem novos livros de Saramago.

O escritor, dizia ele,é como todos os homens:sonha.

Então, vamos considerar como um mau sonho esse acontecimento.

Saramago vive!

Vive nas centenas de personagens que criou, vive nos livros que espiam para mim na prateleira da minha biblioteca,vive nos momentos de felicidade que esses textos me proporcionaram,vive no autógrafo que me deu em Lisboa,esse fato,por si mesmo,uma estória de amor.

Meu marido, o português Raul, que detesta filas chamem-se elas filas ou bichas,como em Lisboa,ficou ,de pé,cerca de uma hora até conseguir para mim o autógrafo daquele que ele sabia ser o autor do meu coração.

Está aqui, o livro “Ensaio sobre a cegueira”,agora,ao meu lado,como uma presença eterna do escritor que tanto admirei e admiro,estando nesta ou noutras paragens.

Que não me deixe muito cair na cegueira mental e nem me deixe faltar a sua presença através da sua obra que contém toda a humanidade.

Termino com as palavras do próprio Saramago,que,como eu,também teve o seu pilar aonde pudesse descansar as costas batidas pela vida.Como o português Raul é para mim.

"Viver aquilo que ainda tenho para viver, que, com esta idade, não pode ser muito, mas vou tentar por duas, três ou quatro razões vivê-lo bem. Não é viver na farra porque nunca fui disso, viver bem como tenho vivido com a Pilar que foi algo que eu não podia esperar que me sucedesse",



4 comentários:

  1. Muito trsite a partida dele, mas não se foi de certo pois vive nos livros e no que construiu no coração e alma de seus leitores, bjs

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  2. Tem uma frase dele que carrego comigo onde quer que eu vá ou que eu fale: " vamos tentar viver fazendo o menos mal possível. Essa talvez seja a única sabedoria ao nosso alcance." Que ele descanse numa nuvem bem macia. Abraço grande. paz e bem.

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  3. Oi Miriam!

    Somente pessoas como voce, com tanta sensibilidade e amor à literatura e às artes em geral, são capazes de estimar a dimensão da perda de José Saramago. Feliz de quem pôde ser contemporâneo de tão ilustre literato! Perda maior que esta, somente aquela ocorrida em 1973, quando o mundo perdeu de uma única vez seus maiores Pablos: O Neruda, o Picasso e o Casals! Pêsames recíprocos.

    Euripedes

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  4. Eury,realmente uma perda irreparável;mas,o consolo ´é que a vida e a literatura se renovam e os q/ partiram terão seu lugar no Panteão dos Heróis. Um grande abraço

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