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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

TODOS OS SANTOS E UMA MÃE



Meu amigo Lito é um sujeito engraçado, bon-vivant, muito amigo do pulha, como diria Mestre Machado.
Adorava boemia, cerveja das, jogar conversa fora com os amigos na Cantina da Lua e falar da vida alheia, que é pecado, mas, é divertido.
E mantinha essa rotina, diariamente, apesar da mãe,ou por causa dela.
A mãe era uma santa senhora espanhola, ultra religiosa, viúva honesta, que dedicou toda sua vida ao filho; mães assim constituem um perigo, principalmente, esta, cuja altura, peso e cabelo nas ventas, parecia um sargento dos granadeiros e velava pela saúde do filho com a tenacidade de um policial.
Na verdade ela era uma mistura de mãe portuguesa, judia e italiana; junte tudo isso e veja no que dá. Quando meu amigo se preparava para as noitadas, lá vinha a boa senhora, atrás dele, marcação homem a homem, carregando casacos de lã, ignorando solenemente os 35º de Salvador; isto e mais a gemada, contra a tuberculose, o cordial, contra gripe, toda uma parafernália de poções, alimentos e quejandas que daria para abastecer um exercito; meu pobre amigo, magrinho, baixinho, não tinha onde armazenar tanta coisa. Paciente, ia ele se dirigindo para a porta, era dessas casas antigas com um longo corredor e ela atrás, falando:

-Meu filho, Sr, do Bonfim te acompanhe.
-A. Senhora de Guadalupe, te guarde.
-Sto.Antonio que te ilumine.Sta. Bárbara, que guie teus passos.
E meu amigo, andando; no fim do corredor, já com a mão na maçaneta, ele retruca:
- Mãe, escolhe quem é que vai, pois meu carro é fusca e ainda tem que deixar lugar para minha namorada.
Texto extraido do livro "CONTOS E CAUSOS"

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