Balzac ,apesar de celibatário convicto,sabia das coisas.
Seu livro,”A Fisiologia do Casamento”,narrava com humor e irreverência,os prazeres e percalços da vida conjugal,vista à maneira francesa nos idos de 1830.
O maior problema do casamento nesta época,era o desconhecimento,para as moças do que aconteceria no leito conjugal e,para os homens ,o total descaso sobre os mecanismos da fisiologia feminina,cujo despertar do desejo era mais tardio e totalmente diferente do desejo masculino;o amor romântico recém inventado,povoava de contos de fadas o imaginário dessas garotas e a violência brutal do desejo masculino,”exigindo carícias,plenas,obscenas”,como fala a música de Chico,assustava de tal modo as donzelas,que,praticamente, o casamento terminava aí.
Balzac aconselhava:-“Nunca comecem o casamento por uma violação”.
Ele comparava,de modo magistral ,o recém casado a um orangotango tentando tocar violino.
Um rico banqueiro estava a tocar seu violino , no jardim,quando Balzac reparou o macaco do dono,trazido de Bornéo,vir se achegando,de mansinho,embevecido,escutando os sons.
Num dado momento,o banqueiro se ausentou e deixou o violino no parapeito da janela;como a corrente que prendia o bugio era muito comprida,ele passou a mão no violino e correu com ele para baixo de uma árvore.
O nosso antepassado agarrou o instrumento e cheirou-o,como se fosse uma banana.
O violino emitiu um acorde e o macaco sacudiu a cabeça,voltou-o,mirou-o,de todos os ângulos,levantou-o no ar,agitou-o,colocou-o perto do ouvido,o largou no chão,tornou a apanhá-lo,com um ar de completa desconfiança e agradável surpresa.
Pôs o violino debaixo da barba e segurou com força,mas,ao ver o violino mudo,achou que não valia a pena perder tempo aprendendo a lição.Começou a puxar as cordas com vigor e saíram sons discordes,como era de se esperar.
Enraivecido com o seu fracasso ao produzir música,agarrou o arco e começou a surrar as cordas,sem dó,nem piedade;depois de destruir completamente o violino,sentou-se e começou a desfiar as louras sedas do arco,feito em pedaços.
Deste dia em diante, sempre que vou a um casamento,diz Balzac,não deixo de comparar o novel marido a um orangotango tentando tocar violino.
O amor é a mais doce e melodiosa das harmonias,disso sabemos.
A mulher é um delicado instrumento de prazer( as feministas vão querer o meu sangue,mas,sosseguem,garotas,é o Balzac dizia,não eu),mas,é necessário conhecer-lhe as cordas vibráteis,estudar-lhes a posição,dedilhar com maestria o teclado,acariciar as cordas.
Quantos orangotangos – digo- maridos casam sem ter noção do corpo da mulher!
Despedaçam o coração que não compreendem e falam de amor do mesmo jeito que escravos natos falam de liberdade;por ouvir dizer.
Começam por arrombar a porta alheia e querem ser bem recebidos na sala.
Mas,qualquer artista sabe que a dedicação e o conhecimento do seu instrumento,anos de observação e estudo é que cria a harmonia da música;assim,tocam uníssonos e ambos se tornam uma só alma.
Homens,maridos ou amantes,ajudei em alguma coisa?
Se querem uma melodia maravilhosa aprendam, ao menos ,a tocar o instrumento.
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FALA O LEITOR:
15/03/2010 17:33 - Maria IaciHoje, pelo menos, a mulher tem a prerrogativa de experimentar antesde casar... Bela crônica! Um beijo na testa. :)
15/03/2010 22:39 - Maria Olimpia Alves de Melop/mail
Uma crônica impecável, da primeira a última linha.
15/03/2010 15:19 - Rejane Chica TU ÉS SEMPRE FANTÁSTICA! E A IMAGEM,RSSRS,...BEIJOS,TUDO DE BOM,CHICA
17/03/2010 10:25 - Ivone Alves SOL,poetisa
Perfeita em estética linguística, humor e mensagem! Sua página é aprendizado e entretenimento. A imagina ficou ótima! Bjs, Miriam!
Olá amiga Mirian como vai? Muito bom ler seu blog.Venha ver que linda Viuvinha soldadinho,bjs
ResponderExcluirOs homens melhoraram um pouqinho mas ainda tem muito troglodita por ai. Muito bom! Abração. Paz e bem.
ResponderExcluirCacá,é raro encontrar um bom tocador...rsss
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