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quinta-feira, 29 de abril de 2010

FLORBELA ESPANCA,POETA DO AMOR E DA TRISTEZA!




CASTELÃ DA TRISTEZA




Altiva e couraçada de desdém,


Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!


Passa por ele a luz de todo o amor...


E nunca em meu castelo entrou alguém!




Castelã da Tristeza, vês?... A quem? ...


-- E o meu olhar é interrogador --


Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...


Chora o silêncio... nada...ninguém vem...




Castelã da Tristeza, porque choras


Lendo, toda de branco, um livro de horas,


À sombra rendilhada dos vitrais?...




À noite, debruçada, plas ameias,


Porque rezas baixinho? ... Porque anseias?...


Que sonho afagam tuas mãos reais?




Florbela Espanca






Oito de dezembro de 1894. Nasce em Vila Viçosa (Alentejo), na Rua do Angerino, Florbela d'Alma da Conceição Espanca, em casa de sua mãe, Antônica da Conceição Lobo. O pai, o republicano João Maria Espanca, que era casado com outra mulher, Mariana do Carmo Ingleza, curiosamente fará da esposa a madrinha de batismo da filha. Nos registros da Igreja Nossa Senhora da Conceição de vila Viçosa consta Florbela como "filha ilegítima de pai incógnito". O mesmo acontecendo com seu único irmão, Apeles, nascido em 10 de março de 1897. Em 1899 Florbela já freqüenta o curso primário. Data de 11 de novembro de 1903 o poema A vida e a morte – ao que tudo indica o primeiro de sua autoria. Ingressa, em 1908, no Liceu de Évora, onde permanecerá até 1912. No dia de seu aniversário no ano de 1913, Florbela casa-se, no Registro Civil de Vila Viçosa, com Alberto de Jesus Silva Moutinho que havia sido seu colega de classe desde o curso primário. Em abril de 1916, seleciona, dentre a sua produção poética, cerca de 30 peças produzidas a partir de maio de 1915, com as quais inaugura o projeto Trocando Olhares. Em outubro de 1916, desde setembro vivendo em Lisboa e financiada pelo pai, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que abandonará em meados de 1920: dentre os 347 alunos inscritos, apenas 14 são mulheres. Em junho de 1919 faz publicar o Livro de Mágoas, com as dedicatórias: "A meu pai. Ao meu melhor amigo." e "À querida Alma irmã da minha. Ao meu irmão." Logo depois começa a trabalhar em novo projeto Livro de Soror Saudade, publicado em 1923. No dia 30 de abril de 1921 é assinado o divórcio de Florbela e Moutinho. Dois meses depois se casa com o alferes de artilharia da Guarda Republicana, Antônio José Marques Guimarães. Em 1925 divorcia-se de Antônio Guimarães. Ainda em 1925, em Matosinhos, Florbela casa-se com Mário Pereira Lage, médico. Em 1930, com poemas e contos, inicia a colaboração na recém-fundada revista Portugal Feminino, na Civilização e no Primeiro de Janeiro. Em seu Diário do Último Ano, Florbela expressa o estado de solidão em que se vê mergulhada: "O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano... Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão... Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!..." E não há de ser por acaso que Florbela se faz acompanhar de tal imagem durante esse derradeiro percurso: não é o cão mitológico o guardião da morte?Em 2 de dezembro de 1930, encerra-se o seu Diário com a seguinte frase: "e não haver gestos novos nem palavras novas!" Cinco dias depois, no dia de seu aniversário, Florbela d'Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo uma dose excessiva de Veronal.
Biografia tirada da "Coleção a Obra-prima de cada autor", Sonetos - Florbela Espanca (texto integral), Martin Claret editora.
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PALAVRA DO LEITOR:

As cruzes de todos nós, os poetas conseguem descrever desgraças e suas vidas como se fossem diários de uma rotina de vida. parabéns amiga, você merece destaque pela utilidade de seus escritos que nos orienta e diz como a vida passa.
Ana Zélia ,escritora amazonense

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