É,as coisas não andavam muito boas em 1789 nas Minas Gerais.
Esmagados pelos impostos que a Coroa Portuguesa exigia e de saco cheio de tanta proibição , tanto escárnio,tanta chatice , os mineiros resolveram dar um basta e fazer a Conjuração ou Inconfidência Mineira.
Esse movimento veio do alto, formado por padres, juízes,comerciantes,profissionais liberais,porém, no meio deles, estava o alferes.
Sim, um simples alferes,um quase ninguém diante de tantos nomes pomposos.Um homem do povo,idealista e sonhador.
Pobre, idealista e sonhador metido no meio dos poderosos deu no que deu; a corda,seja aqui ,em Minas ou na Cochinchina sempre arrebenta pelo lado mais fraco e Tiradentes pagou o pato;foi o único condenado a morte,justo o único que não tinha poder para desafiar a Coroa.
A morte injuriosa pela forca até que, guardadas as proporções,não foi tão má.Rápida e indolor,segundo alguns.Era para ser esquartejado ,uma morte horrível,na execução da qual nossos piedosos portugueses eram exímios.Afinal,Tiradentes era um perigoso terrorista,quase AL-Cadiano,se houvesse a AL- Caida naqueles tempos; Deus foi por ele;escapou de ter seus ossos estalados,seu corpo retalhado,foi poupado dessa morte tão cruel,em vida.O esquartejaram depois de morto, sua cabeça indo parar espetada numa estaca,no Rio de Janeiro,pedaços do seu corpo espalhado pelas estradas de Minas.
Afinal, ele e seus colegas de rebeldia foram condenados por alta – traição;traição era discordar do rei,discursar contra ele,escrever artigos nos jornais contra a Coroa,mobilizar o povo,crime que as Ordenações do Reino punia com mortes dolorosíssimas; pois esse moço,alferes,minerador,dentista,entrou nessa roubada e se deu mal.Antes Joaquim José da Silva Xavier tivesse continuado a tirar dentes nos sertões de Minas,(daí sua alcunha) em vez de se meter em briga de cachorro grande,pois,quando a elite e o clero sentiram que estavam avançando nos seus bolsos,graças à Derrama (cobrança de impostos atrasados) saíram no pau contra os lusos, provando que o órgão mais sensível do homem é o bolso.
Tiradentes aderiu patrioticamente , achando que estava lutando contra a exploração do Brasil pela Metrópole ,mas,na verdade, estava mesmo era entrando numa briga provinciana.
E , foi ai que o bicho pegou;os ricos logo correram para sair bem na foto e sobrou para a militância;foram condenados à morte depois convertida em degredo e o alferes foi o único “premiado” com a pena de morte, que D. Maria, tão “boazinha”,coitada , converteu de esquartejamento para enforcamento.
Triste foi enfrentar, algemado, a longa viagem de Vila Rica ao Rio,onde a morte seria realizada,num sábado,para garantir a platéia,e todas as pompas e circunstancias devidas a um acontecimento real.Afinal,a Revolução Francesa estava ai mesmo, do lado ,e os reis temiam pelas suas cabeças.
“Vi o penitente
de corda ao pescoço.
A morte era o menos:
mais era o alvoroço.
Se morrer é triste,
porque tanta gente
vinha pela rua
com ar de contente?”
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)
Tiradentes morreu rápido; a dor coube à família, que não o pode enterrar e ainda foi considerada “infame” até à quarta geração.Muitos trocaram de nome e rumo para não carregar essa pecha.
Mas, e a D. Maria,a rainha,a queridinha dos padres que a exploravam,a triste viúva menina de um rei bem – amado,o que lhe aconteceu?
Meses depois da morte de Tiradentes enlouqueceu, veio aos berros de “não quero!” para o Brasil,onde enclausurada num convento devido á insanidade,passeava com suas aias,despreocupada,sem lembrar de nada, objeto da risota da plebe que dizia:
-“Lá vai Maria com as outras”;Maria sem forças,Maria sem poder,Maria levada pelas outras,Maria ,agora, ninguém.
MARAVILHOSO TEXTO APESAR DE CONTAR UMA MORTE TÃO TRISTE E QUE A VERDADE SEMPR EVEM MEMSO , A CORDA ARREBENTA DO LADO MAIS POBRE, BJS
ResponderExcluirObrigada,Paulinha,pela visita. bjs p/vc/Alice
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