Seguidores

sexta-feira, 2 de abril de 2010

MALHAÇÃO E TESTAMENTO DO JUDAS



Os sábados de Aleluia da minha infância eram esperados com ansiedade por adultos e crianças. O silencio sepulcral e o clima pesado da Sexta-Feira Santa estavam nos estertores,quando,batendo ás 10 horas da manhã, os sinos repicavam alegremente, rompendo a aleluia. As ruas se enchiam de garotos semi nus batendo panelas velhas e cantando:
”Aleluia,aleluia

Comida no prato,

Farinha na cuia,

Embora, para muitos deles, só restasse mesmo a farinha.
A noite nos reservava o melhor: a queima do Judas. Originário da tradição portuguesa, esses bonecos de palha ou de pano, rasgados e queimados furiosamente em praça pública, representavam a eliminação do Mal, alijado pelo fogo,banido da sociedade cristã;soltavam-se fogos coloridos,rojões,enquanto o populacho,em delírio,cantava e dançava. Hoje, quase mortas nas grandes cidades, essa tradição persiste nas pequenas cidades do Interior, onde ainda vivem as lembranças do passado,nossa memória atávica. Desde tempos imemoriais, na Península Ibérica, segundo os estudiosos Frazer e Mannhardt,registraram-se esses ritos próprios das festas da alegria nas proximidades do equinócio do verão,principio ou fim das colheitas,para afastar os maus espíritos. No Brasil, terra irreverente pela própria natureza, inventou-se o Testamento do Judas, lido durante o seu julgamento.Esse escrito,geralmente uma sátira a pessoas ou acontecimentos locais, fica no bolso do boneco e alguém espirituoso lê para a multidão.Eis um exemplo de um destes testamentos:
Judas deixa seu burro para o prefeito da cidade e outras pessoas gradas,locais: Aí vai a cabeça
Pro prefeito Zé Monteiro
A que ele tem não presta,
a do burro vale mais dinheiro;
Um pedaço do meu burro
Vai prá Maria Padeira
Ela ta necessitada
Pois lhe morreu o padeiro; E, por aí vai,com versos de pé quebrado e cheio de insinuações. Não queimei Judas nenhum, mas,fiz um pequeno testamento doando alguma coisa para políticos conhecidos:

Para o senador Sarney,

Que não tenho o que deixa;

Deixo óleo de peroba

Para a cara ele lavar.

Para o Lula, presidente

Que é malhado todo dia

Por não ser homem letrado,

Vou deixar tudo arrumado:

Deixo minha biblioteca,

pois lá tem livro á beça,

ninguém mais lhe arrelia.



Para o Serra,atucanado
pelo Pê Esse Dê Bê
deixo-lhe esse conselho
para abestado não ser.
Desista da presidência
Pois você tem ciência
Qu’isso não vai acontecer.



Para a Dilma,guerrilheira
que alimenta uma esperança.
Tome cuidado,criança
pois pode se enxofrá.
O líder é o Lula
Você entra nessa festa
Com garra e muita gula
Mas,sem roupa para bancar.



Pro Aécio,bom menino
Mineirin’ bem aprumado
Mesmo bem avaliado
Tucano bicou você.
Mas,não perca as esperança
Se fizerem uma lambança
Na Brasília de Arruda,
Tanto Dilma como Serra.
Se o pais se ferra,
Você deve entrá na fila.
Ai,ninguém lhe derruba.
PALAVRA DO LEITOR:
Miriam Se convença. Quando passa 3 dias que não leio uma mensagem sua eu fico pensando... Cadê Miriam! Eu gosto. Acho você tão chique, tão fina, tão lúcida, tão intelectualmente superior. Quando mando uma mensagegem para você eu fico pensando será que Miriam vai gostar. Toda vez que você me manda um e-mail eu fico mais feliz. Me sinto preenchido,plenificado. Bôa Páscoa

4 comentários:

  1. Miriam,lembro disso também, quando morava no Rio de Janeiro. Adorava ver, mas tinha um pouco de medo!Lindo te ler! Teu testamento ficou brilhante!Feliz Páscoa e tudo de bom, inté segunda!chica

    ResponderExcluir
  2. Querida amiga; amei! Por um instante, no primeiro momento, lembrei minha infância..
    Boa Páscoa e bom fim de semana! Beijos

    ResponderExcluir
  3. Chica,aqui na Bahia ainda existe a malhação,c/testamentos muito engraçados. bjks

    ResponderExcluir
  4. Pois é,Olhos de Mel,nossa tradição é rica e inesquecível.
    Feliz Páscoa

    ResponderExcluir